terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Quase Perfeito. - CAPITULO 1

   - É que na verdade as cores não são exatamente o ponto x da coisa. - Sungmin tentava explicar.
   - Ok, mas a ideia do trabalho eram as cores. Estamos há um mês inteiro falando sobre as cores. - professora Carla fez cara de desprezo.
   O comentário arrancou alguns abafados dos alunos, o que deixou  Sungmin claramente incomodado.
   Ele mexeu os lábios para dizer algo, mas Carla levantou o dedo indicador antes que ele ao menos respirasse.
   - Seu tempo já foi. - ela o interrompeu com sua voz seca.
Sungmin esfregou as mãos contendo um pequeno surto.
  - Seu trabalho ficou confuso, não tem conceito algum, não tem nada a ver com o tema dei.
   - Mas...
   - Agora só eu falo. - ela o cortou com a voz séria. - Eu acho que...você tem que trabalhar melhor essa sua criatividade entender a matéria, enfim...perguntas? - ela olhou redor. Ninguéem que se manifestou. - Sete.
   Ela marcou em um papel e ele ficou parado em choque.
   - Sungmin, não tenho dia inteiro. -ela abriu os braços percebendo que o garoto não saia do lugar. - Dê licença ao próximo grupo. - ela o expulsou.
   Ele foi para o seu lugar totalmente frustrado.
   - Você foi bem. - Jordana bateu em seu ombro lhe confortando.
   - Bem? Você viu aquilo? - Sungmin disse com o rosto branco.
   - Você ainda liga pra ela ? - Patrícia fez cara de nojo. - Ela nem sabe que fala Sungmin, relaxa.
   - Grupo quatro! - Carla gritou em tom de bronca para que todos parassem de conversar.
   Uma garota loira se levantou e foi em direção à sua mesa.
Ela disse algumas coisas inlaudíveis e de repente Carla colocou a mão na testa e bufou alto.
   - Karen você terminou o trabalho ou não? Não tem meio termo. - Carla falou com a voz forte, mas não alterada.
   - Fiquei em dúvida se deveria por não! Podemos apresentar assim mesmo? - Karen perguntou com a voz aflita.
   - Karen, vá sentar. - Carla disse escrevendo no papel.
   - Só faltou duas imagens no slide! Isso é muito?! São imagens significativas e ninguém do grupo sabia se era anti ético ou não colocá-las no trabalho!
   - Uma imagem... - Carla a interrompeu falando mais alto que ela. - Faz uma grande diferença. - disse mais calma. - Duas, você pode perder um contrato fácil, fácil. - ela enfatizou cada palavra. - Pense nisso no próximo trabalho.
   - Carla eu não quero... - Karen se preparava para lhe dar uma lição de moral.
   - Grupo cinco! - ela gritou interrompendo-a.
   Nós ficamos em choque.
   - Não acredito que ela zerou o trabalho dela por causa de duas imagens. - Jordana balançou a cabeça negativamente. - Podia pelo menos dar nota baixa.
   - Vem vamos! É a nossa vez. - Goo Hara disse se levantando e ignorando mais uma barbaridade de Carla.
   Jordana e eu nos levantamos.
   - Vamos para o enforcamento. - Goo Hara disse rindoz
   Nós rimos.
   Eu não queria ouvir um "a" de Carla sobre o nosso trabalho. Planejamos todas as questões fizemos pesquisas, a maioria das coisas não foram procuradas no Google até porque não acredito em muita coisa que está nele.
Mas se depois de tudo apresentado ela fizer cara de quem comeu e não gostou, eu vou cuspir no prato dela e ela vai ouvir. Farei no seu estilo.
Nervosinha, mas sem cair do salto.
   Tudo nela era desprezível. A não ser a sua beleza. Eu tinha te admitir que ela era uma loira muito bonita, de olhos azuis como piscina, os lábios canudos e tinha um corpo invejável apesar de seus trinta anos. No início das nossas aulas de publicidade, os garotos a comiam com os olhos. Eles eram péssimos para fazer trabalhos e não tinha criatividade alguma, mas quando o assunto era olhar o que tinha dentro da saia de Carla, nessas horas a criatividade fluir de seus poros.
   Para as garotas, ela era uma vaca. Todas as odiavam e estavam até pensando em fazer baixo assinado para tirar tirá-la do cargo. Mas o problema era ela ensina muito bem.  Era a matéria preferida de muitos, mas realmente, ela era chata ignorante e pavio curto bem curto.
   Mas o que mais me entrigava nessa mulher, era como ela sabia lidar com todas as situações. Todos a odiavam até a morte, mas nesse ponto, chega até se tornar admiração pra mim. Pelo menos isso , eu achava incrível nela. Tinha todas as respostas na ponta da língua e ninguém nem sequer conseguia tocar em seus pés. E o melhor de tudo, é que ela nunca estourava. Era uma postura e voz autoritária que ninguém ousava discutir, pois sabia que perderia uma briga com ela. Ela nem menos da chance de responder imagine atacar! Carla era uma adversária invencível. Isso me assustava mais ainda. A minha vontade te desafiá-la era bem maior que tudo. 
   Não, eu não era pessoa de confusão. Nem eu nem as amigas. Eu tentava me conter quando Carla soltava suas respostas secas mas ela me faz tremer de raiva. Eu tenho desejo de pisar em seu calo até que peça perdão, mas acho que não seria uma missão fácil e acho que isso incentivava mais ainda.
- Qual o tema de vocês? - ela perguntou num tom frio quando nos alinhamos na frente da sala.
- Budweiser. - eu disse sem vontade alguma.
   - Mais uma cerveja? Gente vocês não tinham outro tema pra pegar? - ela perguntou olhando pra sala.
   - Cerveja é mais fácil. - um garoto respondeu com toda sinceridade.
   Ela ergueu uma das sobrancelhas.
   - Povo sem criatividade...-
ela resmungou. - Não apertaram cntrl c + v também...não é? Saibam que farei o mesmo com as notas...
   Que mulherzinha insuportável.
      Carla não se sentiu afetada e apenas jogou olhar para nós.
   - Comecem.- ela disse sem paciência apertando botão do cronômetro e voltou a escrever nos papéis.
   Goo Hara abriu um sorriso inspirando o ar para dizer as primeiras palavras. Carla mal nos olhava.
   Antes que Goo Hara começasse, fiz sinal para que esperasse. Jordana me jogou o olhar sem entender.
   Os olhos de Carla encontraram os meus.Eram frios e desafiadores.
   - Eu disse para começarem. - ela disse como se fôssemos retardadas.
   Carla voltou a olhar os papéis e rabiscou algo novamente.
   Me inclinei de leve para Goo Hara.
   - Ela não está nem olhando! - sussurrei.
   Goo Hara mantinha os olhos nela.
   - Paty, não complica... - Jordana parecia entender a minha intenção.
   Mesmo sendo um tom de alerta, não tinha sido uma bronca. Eu sabia que no fundo, ela não estava nada contra.
   Todos perceberam que nós estávamos prestes a fazer uma pequena confusão.
   Carla nos olhou claramente irritada dessa vez.
   - Gente, estão esperando o que? - ela basicamente gritou.
   - Esperando você. - eu disse séria contendo a raiva.
   - Eu estou ouvindo. - ela rebateu.
   - Nosso trabalho se trata de imagens. E imagens devem ser vistas e não ouvidas. - Jordana atacou.
   Heechul que estava na primeira fila nos jogou um olhar surpreso. Ele sabia que em alguns segundos, o barraco estava feito. A sala começou a tagarelar e eu consegui ouvir " nossa!" "Caramba, que isso?".
   Carla soltou um grito para que todos se aquietassem.
   Ela me jogou um olhar desafiador.
   - Vocês querem apresentar, ou não? -ela perguntou pausadamente.
   - E você? Dá pra prestar atenção decentemente ou não? - minha voz quase tremeu ao segurar os palavrões que teimavam em fugir da minha boca.
   A sala virou uma zona dessa vez. Eram risadas, assobios e ruídos para todos os lados.
  Carla se levantou e todos esperaram sua reação.
   - O teatro principal ainda está aberto. Se quiser dar seu show, vocês podem se retirar. - ela apontou a porta.
   Os alunos pareciam plateia de competição de luta livre.
   Goo Hara perdeu o controle e deu passos fortes até chegar a mesa em que Carla estava. Bateu as duas mãos no centro fazendo um grande estrondo que me fez pular.
   - Dar o show eu não sei, só sei que estou pronta pra lhe dar um casset... - Goo Hara disse erguendo a mão que parecia estar pronta para dar um belo tapa.
   - Goo Hara, não. - Jordana interrompeu segurando seu braço.
   - Ela está no cargo há tanto tempo e ninguém falou pra ela? - Goo Hara gritou com ela.
   Sabíamos que quando Goo Hara saia do controle ela fazia coisas indevidas. Falava e agia sem pensar.     Quem a vê com seu rosto angelical, sorriso fofo e inocente, não imagina uma garota totalmente transformada quando fica em fúria.
   O pior de tudo é que ninguém consegue segurá-la.
   - Você quer a verdade bem dita? - Goo Hara ergueu a sobrancelha esquerda. - As pessoas não querem você como professora. Elas te odeiam. Não é apenas um ódio qualquer, mas um ódio de matar! - Goo Hara a encarou.
   - E eu vou ter culpa? Não mudarei meu jeito para agradar pessoas. Eu não sou obrigada a ouvir isso.- Carla riu ironicamente.
   - Sim, você é. Você pede por isso! Pede pra apanhar. - Goo Hara sorriu de volta.
   Carla ficou quieta apenas encarando seus olhos.
   Goo Hara abriu um sorriso maléfico dessa vez.
      - Eu consigo ver por trás desses olhos...por trás dessa armadura de ferro. Consigo ver uma menina pequena... com medo de tudo, e de todos... - Goo Hara dizia cruelmente.
   Jordana já não sabia mais o que fazer. A situação já estava fora de controle.
   Carla se calou.
   A respiração de Goo Hara estava pesada. Todos ficaram em silêncio ao perceber que estava ficando sério.
   Carla se levantou e a encarou dentro dos olhos.
   - Eu acho que essa conversa já chegou ao fim. - Carla disse com a voz cheia de ódio.
   Goo Hara sabia que iria sair briga física. Sabia que se começasse não iria parar e com Carla não seria diferente.
   - Chega. - Jordana disse quebrando a tensão.
   As duas se encararam por mais alguns segundos até que o sinal soou.
   Relaxei os ombros.
      Quando nos sentamos, Heechul olhou para trás.
   - Gente, o que foi aquilo?! - ele perguntou boquiaberta.
   - Ela merecia vá. - Goo Hara disse cruzando os braços como uma criança mimada.
   - Mas eu acho que você pegou pesado, Hara. -  Jordana disse séria.
   - Mas acho que recompensou todos esses anos que nós aturamos ela. - Heechul disse. - Pensando bem, já estava na hora disso acontecer mesmo.
   - Me sinto vingado. - Sungmin disse triunfante.
   - Sim, ela é muito azeda! - Heechul disse. - Não conheço nenhum homem que tenha aguentado essa daí. O mau humor deve atrapalhar na hora do...
   - Heechul. Menos. - eu disse cortando-o antes que começasse a falar suas besteiras.
   - To mentindo flor? - Heechul olhou pra mim. - Ela está precisando de uma noite daquelas.
   Todos riram.
   - Isso não é maldade? - Jordana perguntou.
   - É verdade! - Heechul respondeu.
   - Que aula é agora? - Goo Hara cortou o assunto.
   - Mídias Sociais.
   - Ahh, o bonitão! - ela bateu palminhas.
   Ele entrou na sala com seu enorme sorriso.
   Gong Yoo.
    Era o professor querido de todos. Os garotos gostavam dele, porque ele tinha um jeito único de explicar a matéria. Era simpático e bem humorado.
   As garotas babavam nele, pois o achava lindo de morrer. Ele não era daqueles que dava corda à elas, mas também não recusava um elogio.
   Apesar de ser brincalhão, todos o respeitavam muito.
   Ele colocou os livros em cima da mesa e tirou o paninho do bolso para limpar os óculos.
   - Que caras são essas? Viram a morte? - Gong Yoo perguntou rindo.
   - Acho que foi pior. - Heechul riu.
   Todos riram.
   - Brigaram, é? - ele perguntou sorrindo.
   - Como sabe? - Sungmin perguntou.
   - Publicitários. - ele colocou os óculos de volta.
   Todos riram novamente.
   - Bom, vamos lá. Alguém fez a pesquisa?
   Ele olhou para a sala de um lado para o outro. Ninguém se manisfestou.
   - Gente, assim vocês forçam a amizade. - ele riu. - Julia?
   - Desculpe. - ela respondeu.
   Gong Yoo fez bico.
   - O negócio era o seguinte...as marcas são criadas através de logos e nomes que caracterizam uma empresa...- ele começou a explicar.
   - Eu acho que ele gosta dela. - Heechul me cutucou.
   Eu ri.
   Julia era sua aluna preferida. Ela sempre fazia as pesquisas e era muito inteligente.
   Era do tipo tímida, não tinha muitos amigos, falava pouco, mas chamava muita atenção.
   Jungkook era sua versão masculina.
   Apesar de ser o mais novo da sala, era um dos, se não o mais inteligente dali. Tinha idéias perfeitas, sabia fazer tudo com capricho e além de tudo, era muito, muito fofo.
   Sempre estava prestando atenção nas aulas, com as canetas passeando entre os seus dedos. Era incrível a agilidade com que elas giravam sem cair.
   Eu ficava observando-o com frequencia. Ele tinha um ar de mistério que despertava a minha curiosidade.
   - Paty, presta atenção. - Jordana me cutucou.
   Balancei a cabeça e voltei a olhar a lousa que estava toda escrita.
   Jordana começou a rir.
   - O que foi? - perguntei rindo.
   - Você não sabe disfarçar. - ela riu.
   Nós rimos.

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