quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Incógnita - CAP 2



O garoto tinha o rosto liso e branco, seus olhos marcavam um formato bonito. Lia não sabia quais eram suas intenções, por isso sentia uma inquietação na boca do estômago. Ela estava com o corpo enrijecido pronta para qualquer ataque dele. Ele quem planejara tudo isso? Ele sequestrou essas pessoas?
Ele sorriu e estendeu a mão. Pensar sobre tudo só causaria dores de cabeça e não chegaria a nenhuma conclusão. Ela não tinha escolha a não ser confiar, então ela segurou a sua mão e deixou que a ajudasse levantar.
O corpo do garoto em seu colo caiu no chão fazendo a garota loira acordar. Ela nos olhou, olhou aos redores e agiu tranquilamente. Se levantou e foi para fora do caminhão.
O que tinha de errado com aquelas pessoas? Por que agiam de forma estranha e não se comunicavam?
Lia tentou dizer algo sem sucesso. Como se falava mesmo? Ela colocava a ponta da língua no céu da boca, mas não sabia quais palavras dizer. Percebeu que sua cabeça estava totalmente vazia.
O garoto que ainda segurava a sua mão continuava olhando para a garota loira talvez tentando entender assim como ela, o que ela estava pensando, o que estava fazendo.
Ele a levou para a beirada da porta e desceu com suavidade. Em seguida ele estendeu os braços oferecendo ajuda para descer.
Um flash passou rapidamente em sua cabeça e teve a leve sensação de que havia vivenciado esta mesma cena tempos atrás. Ao descer, os dois trocaram olhares assustados como se o mesmo flash tivesse atingido ambos.
A medida que Lia observava cada detalhe do garoto, o medo ia desaparecendo. Dessa vez, ela tinha certeza de que o conhecia. E muito bem. Poderia até chamá-lo de seu amigo.
A garota loira estava observando as árvores. Ela observava tão profundamente como se estivesse tentando descobrir algum mistério por trás daquelas folhas.
Um grito cortou todo aquele silêncio.
Todos olharam dentro do caminhão e viu a garota de cabelos negros lutando contra o nada. A garota loira subiu no caminhão e agachou na sua frente.
No mesmo instante a outra se acalmou e tomou um ar profundamente.
A loira segurou sua mão e guiou para a árvore que ela estava observando. As duas não se conversavam, só ficavam olhando a árvore. Será que Lia era a única que não estava entendendo nada?
Se assustaram com o outro garoto que desceu de repente do caminhão. Ele caminhou até Lia com a mão na cabeça murmurando palavras desconhecidas. Lia se sentiu culpada por um instante e se deu conta de que a pancada contra o chão foi realmente forte. Percebeu que o outro garoto era um pouco mais alto que o seu amigo que ainda segurava a sua mão.
Eles caminharam até o meio da floresta e ficaram tentando procurar algo que ainda não sabiam.
Estavam num vácuo eterno.
O caminhão atraiu a atenção de todos ao ligar sozinho e fechar a porta.
- Heeeeey! - o garoto mais alto gritou correndo atrás.
Meu amigo segurou seu braço fazendo o outro desistir quase de imediato.

Milhares de lembranças atingiram a cabeça de Lia como se fosse um furacão de vozes, imagens que obrigou Lia a se ajoelhar no chão de dor.
"Seu amigo estava sorrindo e estavam sentados em uma mesa brincando com o pão que comiam.
O cenário mudou e o garoto mais alto estava abraçando-lhe e dizendo coisas.
Seu amigo estava brincando em uma calçada e Lia fazia companhia.
Lia estava escondida em baixo da cama olhando seu amigo brigar contra homens armados que entrara em sua casa. Olhou para o lado e viu seus pais amarrados em uma cadeira. Os dois choravam muito e pediam para que o garoto parasse de lutar contra os homens. Um dos armados aproximou da sua mãe e apontou a arma em sua testa. Sua mãe estava chorando tanto, mas tanto que parecia não ter mais lágrimas para derramar.
- Por favor, não mate ela... - meu pai implorava.
Um outro armado a pegou de surpresa e agarrou seu braço.
- Você vem comigo... - ele disse vendando seus olhos.
Sentiu uma picada no braço e tudo foi ficando devagar, longe...
Ouviu o grito de sua mãe e em seguida um tiro.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Incógnita - CAP 1

Ela abriu os olhos, mas estava escuro demais para enxergar alguma coisa. Sentiu um ambiente abafado, quente e fedido que lhe dificultava a respiração. Tentou levantar, mas percebeu que seus braços e suas pernas estavam presas com correntes. Fazia um barulho de motor contínuo e aquele lugar balançava muito. Em alguns cantos haviam frestas de luz, mas não era suficiente para enxergar algo. Sentia fortes dores de cabeça e a náusea lhe atacou.
Onde estava?
Ela começou a se sacudir desesperada tentando se soltar, mas não teve sucesso. Bateu a corrente contra o solo e ouviu um barulho de ferro. O suor começou a escorrer à medida que se esforçava para tentar se soltar.
Então sentiu um corpo cair em cima do seu fazendo-a gritar de medo.
Ela começou a se debater para sair daquele sufoco e de repente tudo parou.
O que estava acontecendo?!
Estava com uma sensação de morte.
A porta se abriu devagar e a luz invadiu a escuridão ofuscando seus olhos. Ouviu todas as correntes se soltar.
Olhou para fora e avistou a floresta. Não tinha ninguém nem nada.
Ela ficou um bom tempo ali parada retomando o ar fresco para ter forças para sair dali.
Com certo receio ela olhou o corpo que estava pesando em seu colo. Era um garoto que aparentava ter pouca idade. Seus cabelos castanhos colavam em sua testa por conta do suor e estava com bastante dificuldade para respirar.
Ela tocou em seu rosto para tentar fazê-lo acordar, mas ele parecia estar muito fraco.
Aquele lugar parecia ser um caminhão. Agora tudo fazia sentido. Ela foi sequestrada?
Ao lado do garoto tinha uma garota de cabelos dourados e outra de cabelos negros.
        Percorreu os olhos até a sua frente e tomou um susto ao ver o par de olhos cravados nos seus.
Ela engoliu saliva e permaneceu no lugar imóvel.
O garoto que a encarava não parecia ter uma olhar ameaçador, mas não parecia ser amigável. Aquele clima estava começando a ficar tenso, pois ela sentiu como se ele fosse atacá-la a qualquer momento...
Ele piscou várias vezes e sua feição mudou.
Ela continuou olhando para ele e ele fez o mesmo, mas ele parecia um garoto comum dessa vez.
Ele se levantou devagar fazendo um pouco de careta, talvez por sentir dor. Ele saiu para fora  e olhou ao redor. Jogou seus braços para o ar esticando o corpo.
Ela sentia um medo incontrolável e isso a impedia de sair do lugar.
O garoto lá fora voltou a olhar para ela e entrou no caminhão. Ele agachou na sua frente e tornou a encarar seus olhos.
Ela teve uma leve sensação de que ele não era tão desconhecido assim. Seu rosto parecia um tanto familiar, mas não lembrava de onde o conhecia.
Aliás...de onde ela veio? Seu nome? Seu nome era...Li? Lia? Lia! Isso...seu nome era Lia.
Ela estava olhando o nada tentando lembrar qual era o seu passado, mas não havia lembranças.