domingo, 2 de novembro de 2014

Continuação 46

   V andava apressadamente. Paty apenas o seguia com a cabeça a mil.
Aonde ele está indo? Por que ele está agindo dessa maneira? Por que ele está estranho? Por que ele estava levando-a? E por que só ela?
   Uma multidão havia se formado para observar o que estava acontecendo ali, mas se soubessem o que estavam por vir, estariam todos escondidos sem sombra de duvida.
   Taehyung passava no meio das pessoas com brutalidade. Todos olhavam assustados, mas nada faziam. Ela queria pedir socorro, mas sentiu que não era o certo a fazer. Patricia deixava transparecer o medo em seus olhos, mas as pessoas pareciam não entender a gravidade da situação ou mostravam-se apenas indiferentes.
   Ao se afastar de todos, ele parou de andar e a olhou profundamente.
   - Paty... - ele disse como se preparasse para lhe dar uma noticia ruim. Os ombros dele estavam tensos e fazia gestos delicados.
   - Não gosto desse tom. - ela se recuou um pouco preparada para correr a qualquer momento.
   - Paty... - ele repetiu. - Eu sou o V de sempre. Kim Taehyung. Você sabe não é? - ele disse pausadamente como se não tivesse forças para pronuncia-las.
   Ela observou seu rosto. Ele parecia estar prestes a dizer algo que ela não iria gostar, tinha quas certeza disso. Ele estava tentando prepara-la psicologicamente aos poucos, mas...o medo de qualquer revelação bombástica naquele momento era imenso. Ela mal conseguia respirar, com pensamentos lhe causando tonturas.
   - Sou apenas...um pouco diferente. - ele acabou dizendo.
   Cada palavra parecia ser um golpe que a acertava em cheio. Seu estômago estava começando a ficar ruim e sentiu que estava prestes a vomitar. V tecnicamente foi aquele em que ela mais confiou. Foi a primeira pessoa à quem
contou sobre as ameças, ele não poderia  ser um traidor, não mesmo. Apesar de estar com medo da resposta acabou perguntando:
   - O que quer dizer? - ela continuou na defensiva.
   Ele pareceu um pouco desapontado por se sentir um cão bravo diante de uma garotinha totalmente indefesa. Um lobo encurralando o cordeiro.
   Pensou em palavras certas, enquanto esfregava suas proprias maos de nervosismo, mas nenhuma palavra seria boa para a sua situação, por mais gentil que fosse. Ele tinha que dizer, mas não queria dar a impressão de que fora um traidor. Não queria mentir, mas não queria dizer a verdade.
   V começou a dar voltas e pronunciar coisas inaudíveis como se ensaiasse um discurso, mas tudo o que conseguiu fazer no fim das contas foi olhar para aqueles olhos assustados e dizer:
   - Nao consigo.
   Paty olhou para ele confusa, mas no fundo estava sentindo a raiva lhe consumir. Era realmente isso? Ele tinha traído a todos?
   V lhe deu as costas e começou a caminhar devagar.
   - Diz logo antes que eu te mate. - a voz dela soou diferente.
   V sentiu em seu pescoço a lâmina gelada. Paty estava de sobrancelhas unifas com a mão firme em um facão que estava a milímetros, pronta para tirar lhe a vida. Ela já tinha visto de tudo nesses ultimos dias, matar um de seus melhores amigos não seria algo tão impactante. Não naquele momento.
   - Você não...- ele começou a dizer.
   - Não duvide. - ela aproximou a lâmina. - Não duvide mesmo...pode ser a ultima teu ultimo suspiro.
   Ele ficou paralisado.
   - Teria coragem de me matar? - ele estava em choque.
   - Você já morreu pra mim, Taehyung. - ela disse séria.
   Ele ficou assustado ao perceber que ela estava totalmente fora de si. Essas confusões mudou completamente seu psicológico. Desacreditou no que via.
   - Paty, calma...vamos conversar. - ele tentou mantê-la calma.
   Ela se mantinha firme com a expressão fria.
   - Realmente, você teve a coragem de trair a todos? - Patricia pronunciava com a voz seca e forte contendo ao maximo a sua raiva.
   - Patricia...eu trai. - ele disse.
   Ela aproximou a lâmina ainda mais.
   - Mas não foi à você. Trai a minha gangue. - ele disse com firmeza.
   Um pequeno corte se abriu onde ela pressionou com a face cortante. Ele virou seu corpo vagarosamente para ela.
   V tentou procurar dentro daquele olhar desafiador e frio a Patricia que conhecia desde sempre, mas...ela não parecia mais existir. Devia ser porque ele era um estranho para ela agora. Eram dois desconhecidos completamente perdidos.
   - Paty, não mudou em nada. - tentou explicar mais uma vez.
   - Cala a boca. - cuspiu as palavras.
   - Paty...
   Ela realmente se irritou e fez um corte em seu braço esquerdo. V prendeu o grito de dor e segurou tentando fecha-lo para não perder sangue.
   - Você quem esquematizou tudo isso, Kim Taehyung? Se é que é esse o seu nome... - ela ergueu uma sobrancelha e riu sarcasticamente.
   - Paty, eu ainda sou a mesma pessoa! - ele entrou em desespero querendo que ela entendesse de qualquer maneira. - Eu só deixei de contar algumas coisas pra te proteger!
   - Eu não acredito que...
   - Sinto muito. - V mudou sua postura de repente e caminhou em sua direção.
   Paty ficou sem reação. V passou o braço em seu pescoço e pressionou com jeito para que perdesse os sentidos. A enorme faca caiu no chão.


   Jin estava sentado na calçada olhando o nada. Apenas em luto.
   Joh estava com receio de perguntar se estava tudo bem com ele, então apenas o observava do seu canto. Dava para perceber facilmente seu estado de tristeza.
   - Eu ficaria melhor se sentasse do meu lado. - Jin disse de repente assustando-a.
   Joh engoliu em seco. Ele a olhou com os olhos tristes e se sentiu atingida por por eles.
   Ela se levantou e foi devagar em sua direção enquanto Namjoon conversava com Taeyang sobre algumas coisas. Sentou ao seu lado com todo o medo do mundo, como se ele fosse algum bicho selvagem.
   - Por que esse medo todo? - ele perguntou sem olhar pra ela. Ele não soou malicioso ou convidativo. Foi um tom de desapontamento.
   - Você...sempre faz coisas inesperadas. - ela disse sem pensar.
   Apesar de ter um fundo de humor, Jin não parecia sentir forças pra sorrir. Continuou sério olhando o mesmo ponto sem ao menos respirar apropriadamente.  Ela estava tentando não olhá-lo, mas era impossivel. Nunca tinha visto Jin naquele estado. Tão frágil.
   - Eu tentei ajudar meu melhor amigo e...o único jeito foi matando ele. - Jin disse com a voz descontrolada.
   Ele abaixou a cabeça e Joh observou lágrimas tocar no chão. Ele soluçou algumas vezes tentando parar, mas parecia inútil.
   O coração dela parecia se contorcer dentro do peito. Doía tanto e estava tão triste quanto ele. Queria tocá-lo, mas sentiu que não devia. Queria lhe confortar, mas sabia que boa idéia não seria.
   Ela chacoalhou a cabeça tentando pensar direito.
   " Que se dane a nossa "história". Ele perdeu o melhor amigo dele! Eu nunca me imaginaria sem minhas melhores amigas...por isso me meti nisso tudo aqui. Nesse momento ele precisa de mim. Não importa o passado nem o futuro. Agora, ele precisa de mim."
   Joh fechou os olhos prometendo pra si mesma que seria a unica vez que faria isso.
   - Jin. - ela disse num tom sério.
   Ele não se mexia, apenas soluçava.
   Então, ela se levantou e segurou seu braço forçando-o a levantar também. Ele a olhou totalmente sem jeito e esperou por qualquer coisa. 
   Ela olhou em seus olhos limpando suas lágrimas com as pontas dos dedos.
   - Estou aqui. - ela disse.
   Ele respirou fundo varias vezes tentando manter a calma.
   - Você fez a sua parte, mas o culpado por ele ter perdido a vida não foi sua. Ele escolheu isso, sabe disso não é? - Joh o fez raciocinar.
   - Queria que ele tivesse escolhido o caminho certo. - Jin estava inconformado. - Por que ele não fez isso?!
   Joh o puxou num abraço. Os braços largos de Jin lhe cobria perfeitamente. Queria abraça-lo, mas estava sendo abraçada. Ele a segurava de jeito tão diferente. Era tanta calma, tanta gentileza, mas ao mesmo tempo pedia aconchego, pois era um abraço carente. Seu corpo tremia o tempo todo e estava gelado como a noite.
   - Desculpe se estou parecendo uma criança sem rumo agora... - ele disse.
   - Não...está tudo bem...não se preocupe com nada.
   Joh sentia que...ele não era como a maioria dos garotos por aí que acabava aproveitando de situações assim para lhe jogar uma investida. Nem um toque fora do comum. Ele estava realmente mal e precisava de alguém, não era necessariamente ela, mas...parecia estar acamando-o.
   Ela o apertou mais forte e deitou sua cabeça em seu peito.
   Sentia que Namjoon estava logo atrás assistindo aquela cena, mas ele parecia entender em seu coração a verdadeira razão.

   - Quando eu der o sinal, nós vamos todos para o labirinto. - Taeyang disse.
   - Labirinto? - Namjoon o olhou estranhando.
   Taeyang assentiu algumas vezes.
   - Por que eu sinto que nem fazia parte dessa gangue? Eu não sei de nada dos planos, nem dos lugares.. Nada! -  Namjoon reclamou.
   - Não fazia mesmo. Tinhamos certeza de que nos trairia na primeira oportunidade. - Taeyang disse sério, quase irritado. - Como fez agora.
   Namjoon o encarou.
   - A Joh está em jogo. Sabia sobre ela, não é? Todos sabiam... - Namjoon riu sarcásticamente.
   - Sim, nós sabíamos, por isso continuamos com você. - Taeyang disse sem se importar muito.
   Namjoon ficou meio aéreo. Antes que perguntasse qualquer coisa, Taeyang lhe deu as costas para conversar com um dos guardas.
   Julia estava sentada na calçada tentando ainda entender tudo o que estava acontecendo. Namjoon pensou em perguntar se ela sabia alguma coisa além do que ele mesmo sabia, mas ela parecia estar triste demais para qualquer conversa.
   Um ponto vermelho começou a correr do lado dela. Namjoon estreitou o olhar e viu como se fosse um laser. O ponto vermelho estava parando em um ponto especifico no rosto de Julia.
   - Taeyang... - Namjoon disse quase perdendo a voz.
   Taeyang não parava de tagarelar coisas e parecia concentrado na conversa com i guarda.
   O ponto vermelho pousou no centro dos olhos de Julia.
   - TAEYANG!!!! - Namjoon gritou desesperado.
   Taeyang finalmente olhou. Namjoon apontou para Julia e Taeyang parecia ter perdido a cor. Ele correu até ela e a carregou rapidamente e segundos depois, a bala atingiu o chão. Rapidamente ele tirou uma arma do bolso e atirou na direção em que a luz estava vindo. Um homem caiu do prédio ao lado.
   Todos entraram em desespero e procuraram lugar para esconder. Varios tiros começaram a fazer do chão uma peneira. Os carros japoneses eram especiais e barravam as balas. Julia respirava incontroladamente.
   - Estou enjoada. - ela disse com a boca seca e com o olhar tenso.
   Taeyang apenas observava o céu sem dar importância. Namjoon então percebeu o quão ele era "profissional" nessas situações. Taeyang agia com naturalidade e tranquilidade para não errar. Isso era algo que Namjoon queria aprender, mas sua preocupação e nervosismo não ajudavam em nada.
   - Alguns atiradores...não são atiradores.. - Taeyang disse cortando todo o clima tenso. - São armas automáticas. - ele analisava com olhos espertos.
   - Vou vomitar de verdade. - Julia disse prendendo o ar.
   - Jimin, leve ela naquele canto ali. - Taeyang ordenou.
   Quase de imediato, Jimin a carregou e correu para fora do carro. Julia tapava os ouvidos com medo dos tiros que não cessavam em momento algum.
   Ele a deixou num canto seguro perto de um bueiro escondido. Ela abraçou uma lata de lixo e abriu a garganta colocando para fora toda a comida do estomago. Por mais que ela tentasse parar de vomitar, o cheiro horrivel do lugar a deixava mais enjoada.
   Jimin não teve nenhuma reação. Apenas ficou ali parado olhando o nada.
   Quando ela se acalmou, Julia sentou no chão com dor no abdomen. Mal tinha forças para respirar normalmente.
   Ficou observando Jimin que estava de costas para ela sem dizer nada.
   - Por que está obedecendo ao Taeyang? - ela perguntou.
   - Só pensamos a mesma coisa na mesma  hora. Não segui as ordens dele. - Jimin falava como se não ligasse pra ela.
   Ele nem se quer a olhava nos olhos.
   - Por que está me ignorando? Depois de tudo o que aconteceu... - ela se irritou.
   - Julia...- ele fechou os olhos com força como se estivesse começando a se irritar. - Já terminou? - ele a olhou.
   Julia ficou assustada.
   - Por que está agindo assim? Está bravo comigo?
   Ele riu sarcasticamente.
   - Se estou Julia? Se eu estou? Adivinha? - sua voz era fria.
   Ela engoliu em seco.
   - Depois de tudo o que fiz por você, você ficou com o Jhope e em seguida o Taeyang novamente. Não era obrigada a me amar, mas pelo menos respeitar meus sentimentos..
   Ela se sentiu culpada.
   - Jimin, escuta.
   - Mas nem por isso eu vou te abandonar nessa situação. Vou lutar até o fim pra te ver salva.
   Jimin havia mudado totalmente. Não era apenas fisicamente. Ele estava mais magro, forte e com a pouca claridade, sua pele tatuada brilhava.
   - Você escolheu ser um deles agora? Jimin, aonde está com a cabeça?! - Julia berrou.
   - Eu disse que seria um deles se me ajudassem a salvar você. Foi isso o que fiz. Um acordo. Agora a parte do Seungri está do nosso lado...
   Julia ficou sem palavras. Se sentia culpada e queria pedir perdão. Ele estava tão diferente à seus olhos...
   Logo pensou em Jhope. Ele também havia mudado e se tornado a pessoa mais assustadora pra ela, mas no final ele mudou novamente mostrando o Jhope de sempre.
   Com Jimin também seria assim. Assim ela esperava.
   Quando tomou o fôlego para o pedido de desculpas, Jimin a olhou seriamente.
   - Já acabou? Precisamos voltar. - disse monotamente.
   Julia engoliu em seco. Jimin demonstrou a dor que sentia nos olhos. Ela se culpou mentalmente zilhões de vezes por fazê-lo se sentir assim.