sábado, 24 de janeiro de 2015

Quase Perfeito - CAPITULO 4

Julia voltava pra casa às pressas. Estava com medo de ser perseguida por Gong Yoo novamente.
Acabou relembrando aquele momento. Ela desejava aquele beijo novamente. Queria que eles voltassem, mas...não. Não era mesmo uma boa idéia, por mais que ainda o amasse.
Julia se sentia vazia sem dúvidas. Por mais que se mostrasse fria e decidida, Gong Yoo foi o cara que mais amou na sua vida. Ela jurava que iria passar o resto da vida com ele e nada mais mudaria. Nada.
Simplesmente não imaginava sua vida sem ele.
O que aconteceu foi tão estranho. Nem ela mesma entendeu, só sabe que não se sentiu bem.
Se sentiu suja.
- Não quero mais pensar nisso. - sussurrou pra si mesma.
- Ei. - ouviu uma voz.
Julia olhou para trás tentando disfarçar seu susto e se deparou com um garoto que segurava um estojo quadriculado nas mãos.
- Deixou cair isso. - ele estendeu à ela.
Julia se inconformou com a sua distração. Como não percebeu que tinha caído?
- Sim, deixei. - ela respondeu mesmo que não tenha sido uma pergunta. - Obrigada.
Caminhou até ele e o pegou de suas mãos rapidamente.
- Te...conheço de algum lugar? - ele espremeu os olhos com um leve sorriso.
Por que ele estava sorrindo pra ela?
Ela analisou seu rosto tentando lembrar de alguma coisa, mas não. Ela nunca tinha visto aquele rosto.
Ela continuou observando suas feições, mas cometeu o erro quando percebeu que não estava apenas observando, mas sim admirando. Percebeu que perdeu o rumo de repente em seu sorriso.
Mas foi só por um instante. Não demorou muito para voltar à realidade e tratá-lo como estranho.
- Ah...acho que não. - ela respondeu um pouco perdida.
- Mas...eu conheço o seu rosto. Só não sei de onde. - ele disse com toda a certeza.
Ela assentiu devagar como se estivesse abduzida. Sentia seu rosto corar, mas não conseguia desviar o olhar dele.
Julia é uma garota extremamente inteligente. E não só isso...tem boa percepção e esperteza. Conseguia captar os sentimentos, personalidade de pessoas com muita facilidade.
E estava vendo isso naquele garoto. Era o seu tipo ideal.
Devia ser um pouco mais velho que ela, mas com cara de menino. Cara de maduro, talvez goste de uma bagunça, mas é fofo quando sorri. Do tipo educado, calmo, mas que não perdia o estilo jovial.
- Sim. Eu conheço você. E já sei de onde. - ele disse decidido. - Mas não se preocupe. Sua memória não é ruim. Você não me conhece mesmo.
- Não? - ela estava confusa. - Como pode me conhecer e eu não conhecer você?
Por um momento ela achou que era algum tipo de jogo.
- Julia certo? - ele perguntou.
Ela assentiu ainda meio perdida. Soltou uma risada sem graça e continuou olhando-o ainda sem reação.
- Prazer. GD. - ele estendeu a mão à ela.
Ela apertou de volta devagar.
- Eu tenho que ir. A gente se vê por aí. - ele sorriu e deu de ombros.
Ele passou por ela ainda com um sorriso bobo no rosto e saiu andando com as mãos nos bolsos.
Julia ficou parada observando-o caminhar. Ela se pegou rindo sozinha.
- O que foi isso? - ela perguntou.
Ela estava rindo. UAU.
Caminhou até sua casa rapidamente que estava a metros dali. Largou a sua bolsa em um canto e se jogou no sofá.
- O que foi aquilo? - ela riu. - E por que eu estou rindo feito idiota?
Perdeu a noção do tempo enquanto ficou perdida nos seus pensamentos.


Eu caminhava pra casa como se fosse destruir o asfalto. Meus tênis velhos faziam barulho de salto alto.
E se eu faltasse no jantar?
Putz, minha mãe iria me odiar pra sempre e eu não teria onde ficar.
Hara está trabalhando e Jordana teria o jantar com Namjoon.
Caramba, pra onde vou?!
- Ah, não quero ir pra casa. - resmunguei quase parando no meio da rua.
Meu celular vibrou. Olhei no visor e vi a mensagem de V.
" Ei, está tudo bem? Está indo pra casa agora?" - ele perguntou.
" Sim, estou. Eu juro por Deus que não quero esse jantar. Se eu ficar, acho que será pior do que não ficar." - respondi.
" Paty, não faça besteiras. Apenas aceita. Sua mãe está feliz, olhe por esse lado."
Eu estava olhando por esse lado e e era por isso que eu estava indo pra casa.
" Obrigada, V."
" Sabe que eu sempre estarei aqui por você."
Bloqueei o celular e o guardei no bolso.
Nem sempre.
O que eu queria era ele aqui. Comigo.
E não longe como ele está.
Se ele gostasse tanto assim de mim, por que ele estaria estudando tão longe?
Por que ainda continuávamos juntos então?
- Aish, que droga. - reclamei.
Devia ser esse o motivo de eu estar tão insatisfeita com a vida. Tão azeda.
Depois que Taehyung foi embora para o exterior, minha vida parecia ser um nada.
Eu sinto a falta dele em todas as coisas que eu faço.
        Continuei andando.


Parei na frente de casa por um bom tempo e fiquei trocando olhares com a maçaneta.
- Eu não quero entrar agora. Preciso fazer alguma coisa para me distrair. Algo bom. - eu agia como se tivesse esquizofrenia. - Meu Deus! - bati o pé no chão.
Eu ficava imaginando minha mãe andando de mãos dadas com um cara velho com barriga de cerveja, que solta aquela risada suja por causa do cigarro, com um monte de crianças correndo pela casa, mexendo nas minhas coisas e um garoto pivete que fica o dia inteiro "Paty, me dá isso? Ajuda aqui? Você é chata! Não gosto de você!"
- Ahhh inferno, não, não. Nunca odiei tanto uma coisa antes mesmo de começar. - reclamei.
Olhei para o lado e vi uma garotinha me olhando com um par de olhos abertos feito ovos de codorna em sua bicicleta de cestinha rosa.
- Bicicleta... - pensei em voz alta. - Isso.
Fui até a garagem e peguei a minha bicicleta. Pedalei o maximo que pude.
- Se eu chegar na outra cidade, eu posso dizer que eu tive que ajudar uma velha que estava caida no meio da rua com um monte de sacola. E dai para ajudá-la eu peguei um onibus e acabei me perdendo...não! Estou de bike...
Virei a esquina e chequei os bolsos.
- Droga, estou sem dinheiro. Nem ao menos um café!
Um carro buzinou atrás de mim me fazendo pular de susto.
- Mas que... - olhei para trás.
Tudo ficou confuso, apenas me senti caída no chão.
- Putz... - ouvi alguém dizer.
- Fodeu, cara.
- Ei, você ta bem? Foi mal, mas você foi para o meio da pista de repente.
Eu só sentia minha perna doer. Senti vergonha ao ver as pessoas parando ao meu lado.
- Estou bem. - respondi me levantando as pressas.
Meus olhos cresceram com o tamanho do corte e sujeira do asfalto que tinha entrado embaixo da minha pele.
- Pooooooorraaaa - o garoto de cabelos vermelhos disse ao colocar a mão na boca. - Olha a zica...
Assustei com a gravidade da voz dele. Ele me olhou de volta como se eu fosse assombração.
- Vai assustar a menina! - o loiro disse. - Quer que eu te leve para o hospital? Está tudo bem mesmo?
Encarei o loiro que me olhava super preocupado.
- Está. - respondi rapido. - Eu tenho que ir.
- Desculpa. - o loiro disse. - Desculpa de verdade.
- Não esquenta. - peguei a bicicleta. - Preciso ir.
- Aonde você vai? Eu te levo. - o loiro insistiu.
- Não. Eu vou sozinha. - eu disse meio forte.
Ao virar, percebi que havia uma multidão de verdade ao meu lado. Elas abriram espaço para que eu pudesse passar.
Comecei a pedalar ainda mais rápido.
Fui até uma rua sem saída e desci da bicicleta.
- AAAAAAAI QUE DOR!!! - gritei segurando a perna.
Estava escorrendo muito sangue. O corte estava enorme.
Peguei o celular e liguei para Jordana.
- Atende...atende... - eu chacoalhava as mãos impaciente. - JOH! - ela atendeu. - Preciso de você agora!
- O que...
- Aonde você está?- gritei.
- Em casa, porq...
- Estou indo aí, tchau.
Delisguei e pedalei até a sua casa.
Meu corpo começou a doer ainda mais. Percebi que eu tinha rolado no chão várias vezes. Meu rosto, minhas mãos e minha barriga também estavam sangrando.
Deixei a bicicleta na frente da casa dela e apertei a campainha no mesmo instante.
Ela abriu depois de alguns segundos.
- Joh, me ajuda.
- AAAAAAAA. - ela fez uma cara muito assustadora. - Meu Deus o que aconteceu?! - ela gritou totalmente horrorizada.
Ela olhou o meu corpo e deu um passo para trás.
- Estou tão horrivel assim?! - perguntei.
- Sua perna está aberta!!! - ela tremia enquanto apontava para a minha perna sangrenta.
- Qual é Joh, já lidou com isso... - eu tentava ser mais calma possível.
- Mas você sabe muito bem porque eu não lido mais.
Ela ficou com trauma de sangue depois de fazer um curso pela metade de enfermagem.
- Paty, eu peço pra te levar para um hospital.  - ela disse.
- Joh, você sabe fazer isso!
- Não! Não consigo.
- Se eu continuar perdendo sangue, já sabe o que vai acontecer. - eu a deixei sem escolhas.
- Entra.- ela fechou os olhos e me deu espaço para eu entrar. - Senta no sofá que eu já volto.
Enquanto ela correu para o quarto, dona Jovita apareceu na sala.
- Quem é que...Oh meu Deus Patrícia!!! O que aconteceu?! - ela ficou super assustada.
- Oi... - eu pensei em sorrir, mas não era a situação. - Eu só...fui atropelada.
- Minha nossa senhora... - ela levou as mãos na boca. - Está bem?
- Só machucou de leve, mas estou bem.
- Eu...vou... - ela ficou perdida.
- A Joh já vai me ajudar. Não se preocupe. - eu a tranquilizei.
- Mas como foi isso? - ela sentou ao meu lado.
Antes que eu pudesse dizer, Jordana apareceu com seu kit de primeiros socorros.
- Olha o teu rosto. - ela me entregou um pequeno espelho.
Olhei meu reflexo e fiquei em choque. Parecia que eu tinha voltado da guerra. Minha testa estava toda vermelha, minhas bochechas raladas com pequenas pedras entre as aberturas, e inteira suja.
Um arrepio subiu por todo o corpo.
- Que nojo. - eu disse.
Jordana apoiou a minha perna na sua e começou a passar o algodão molhado.
- Ai meu Deus. - ela parecia estar prestes a chorar.
Suas mãos estava trêmulas.
- Ei, eu passo isso. Me dê. - estendi a mão.
Me limpei rapidamente. A cada passada de algodão eu sentia choques de dor. Tudo estava começando a arder naquela hora. Engoli os gritos de dor e continuei limpando.
As duas assistiam horrorizadas.
Peguei outro pedaço e comecei a limpar os braços.
- Eu vou fazer um chá. - Jovita se levantou indo até a cozinha.
Jordana estava de olhos fechados.
Limpei meu rosto  olhando no espelho.
- Devagar! - ela disse.
- Está doendo! Preciso tirar logo...
- Eu sei! Mas se fizer desse jeito vai ser pior!
Continuei limpando.
- Você está limpando um ferimento, não passando pó compacto no rosto. - ela estava olhando pra mim dessa vez. - Tem que ser um pouco gentil.
Estava com menos sangue dessa vez. Ela estava um pouco mais confortavel, mas ainda assim tremia.
- Eu preciso tirar da sua perna. - ela disse apontando a pinça que eu tinha deixado de lado no sofá.
Entreguei à ela e começou o questionário.
- O que houve? Quando? - ela perguntou.
- Fui atropelada enquanto eu andava na rua de bicicleta, vi se meu bolso tinha dinheiro, ouvi a buzina e eu estava no chão.
- Não te ajudaram?! - ela ficou incoformada.
- Eu não quis ajuda.
- Por que?
- Eram garotos Joh! Da nossa idade...que vergonha. - engoli em seco.
Ela fez careta.
- Caiu muito feio? - ela perguntou.
- Pra fazer essas coisas, acho que sim.  - apontei para os ferimentos. - Nem eu sei. Não vi nada.
- Conhecia? - ela perguntou.
- Não. Mas morri de vergonha com todo aquele povo olhando pra mim. Argh, não quero lembrar.
Ela continuou limpando.
- Paty, você quase me matou do coração agora. Tem noção?
- Desculpa. Mas, eu não quero hospital, muito menos a minha casa.
- Não estou falando do fato de vir aqui assim, mas sim por ter se machucado! Sabe que eu me preocupo muito com você. Aí você me aparece aqui toda arrebentada, quase vomitei meu coração.
- Desculpa Joh...- eu disse novamente.
Ela respirou fundo várias vezes. Aos poucos ela limpou os ferimentos, passou pomadas e fez um curativo.
- Depois de um tempo você tem que deixar ele aberto, ok? - ela perguntou.
Assenti.
Jovita me trouxe o chá pousando as xícaras gentilmente sobre a mesa.
- Eu preciso terminar o almoço. - ela disse voltando. - Fique a vontade Paty, se precisar de mim me chame.
- Obrigada, Jovita. - agradeci.
Peguei a minha xícara e dei um gole. Eu adorava aquele chá.
- Vai no jantar né? - perguntei.
- Sim, vou. - ela disse sem olhar pra mim.
- Vai terminar com ele?
- Acho que sim.
- De verdade? - perguntei.
- Já pensei bastante nisso. É o melhor.
Ela terminou o ultimo curativo e me olhou.
- Quer ajuda pra roupa? - perguntei.
Nós costumavamos a ajudar na escolha das roupas para as ocasiões. Mesmo sendo o jantar desastre.
- Vou de qualquer jeito. Quanto mais largada, melhor. - ela disse.
Ela nunca saia desarrumada. O visual era extremamente importante.
É. Realmente ela vai terminar.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Quase Perfeito - CAPITULO 3

Eu não sabia se Julia hesitava em dizer algo por medo, por vergonha ou por qualquer outra coisa, mas eu jurava que estava seu corpo estava tremendo por alguma razão.
Eu preferia acreditar que era o fato de ter acabado de terminar um relacionamento com alguém do que estar com raiva por ter sido descoberta por duas pessoas na qual estava louca para arrancar os cabelos. Não. Por favor, que não exista essa opção.
Eu nunca briguei com alguém fisicamente, nunca pensei em brigar e acho que nunca brigarei. Isso não faz parte de meus planos. Não enquanto eu tiver corpinho de frango.
- Julia, desculpe. Nós...estávamos entrando na sala para... - Jordana atropelou a si mesma com as palavras. - Não foi intenção. Juro.
Julia nos olhou diretamente um tanto perdida.
Agora eu conseguia ver a sua expressão com clareza. E ela sentia muito medo nesse momento.
- Olhem, não é isso o que estão pensando, eu... - Julia passou a mão nos cabelos.
Ela começou a chorar de repente. Ela respirava rápido e parecia estar prestes a soluçar.
- Vem. - eu simplesmente peguei a sua mão antes que aquela situação ficasse ainda mais constrangedora. - Você precisa se acalmar, lavar o seu rosto. Garotas bonitas não choram em público, ok?
Ela abriu um sorriso triste e nos acompanhou. Eu não sabia lidar com pessoas nesse estado, pois não sabia como confortá-las direito. Naquele momento, eu tinha dado graças à Deus aos livros românticos de adolescentes que nos davam o passo a passo para essa situação. Me arrependi da ultima frase, pois quem dizia aquilo era um garoto para uma garota, mas...por sorte somos duas garotas e não dois garotos. Ufa.
Entramos no primeiro banheiro que avistamos. Qual era mesmo o próximo passo?
Primeiro de tudo ela lavaria o rosto.
E ela fez isso. Caminhou até a pia mergulhou o rosto na água várias vezes.
Enquanto ela enxugava o rosto com o papel, eu começava a montar a novela mentalmente.
E depois? Conversariamos com ela?
Alias, ela quer falar sobre isso? Ou ela é do tipo minhas amigas que preferem guardar pra si?
Além de tudo, não somos amigas. Nem ao menos colegas!
Ok, mas...e se ela desabafar? O que eu respondo depois?
"Sinto muito" pra mim soa como um "Nossa, você está na merda!"
"Isso passa, é só uma fase" soa como um "Seu problema não é nada. Apenas uma dor de barriga passageira."
" Mas você está bem?" é tipo um "Ta, e daí?"
Além disso, todas essas frases, eu pareço estar indiferente. Mas na verdade eu estava realmente chocada e sentida por ela. Eu queria dizer que me importo, mas não queria parecer falsa ou então intrometida demais.
Ta, e eu se eu estivesse no seu lugar?
Eu juro que eu iria correndo.
Mas e ela? O que ela queria que fizessemos?
- Poderiam... - Julia quebrou a minha tagarelice mental. - Manter isso em segredo? - ela disse com a voz quebradiça. - De verdade, é muito importante pra mim.
Assentimos.
- Ninguém sabe disso não é? - Jordana perguntou.
- Não, ninguém sabe. Apenas vocês.  - ela disse um pouco trêmula. - Gente, eu não sei o que fazer...
Sim, ela iria desabafar.
- Quer...conversar sobre isso? - Jordana perguntou da forma mais delicada possível, como se quisesse respeitar o seu espaço.
Julia respirou fundo.
- Eu...preciso me organizar primeiro. Estou meio perdida...- Julia respondeu aflita.
- Claro. - Jordana sorriu. - Precisa se sentir bem...não precisa nos dizer ok? Apenas diga para o seu próprio conforto.
Julia sorriu de volta antes de fungar novamente. Jordana a abraçou.
Admirei por alguns instantes a sensibilidade da Joh.
Como sou idiota. Eu quero ajudá-la, mas não sei como fazer isso. Eu sei como ela se sente e me sinto mal. Só não sei o que a agrada.
Dizem que quando você é sensível você simplesmente faz. O coração manda. E geralmente, as pessoas aceitam.
Bom, mas o meu nessas horas não funciona e daí fica o meu cérebro perdido sem saber o que fazer. Não é falta de sentimento, só falta de saber o que fazer, de como agir.
Voltei ao presente e me dei outra bronca. Em vez de estar fazendo alguma coisa, estou tentando me convencer de que não sou insensível, enquanto tem uma pessoa na minha frente na pior chorando todas as lágrimas de seu corpo.
Eu...deveria abraçá-la também? Não...parece despedida.
Deveria dizer alguma coisa?
Gestos são maiores que palavras.
Então apenas massageei seu ombro esquerdo enquanto Jordana ainda a segurava nos braços pra segurar o seu choro.



    Eram meio dia e vinte. E a hora do jantar estava ficando mais próxima.
Parecia que eu estava começando a sentir o gostinho amargo do ciúmes.
Eu não sabia que era ciumenta até o presente momento. Eu tentava me acalmar pensando "minha mãe será sempre a minha eterna mãe", mas eu queria que ela fosse apenas minha. Sempre foi apenas minha, eu nunca tive que dividir com ninguém. Nem ao menos com o meu pai.
Por que então agora?
Ok, eu sei que já devia parar de fazer pirraça já que estou na faculdade, seguindo o meu caminho, conseguindo dinheiro com o meu próprio suor (que não existe), mas minha mãe é uma pessoa essencial para mim. Eu não vivo sem ela.
- Patrícia!!! - Jordana gritou no meu ouvido.
Bati em seu braço por puro impulso.
- Precisa me bater? Além de me ignorar ainda me bate? - ela estava quase rindo enquanto reclamava.
- Desculpa...eu estava longe. - eu disse.
- Deu pra perceber. - ela disse. - Para não dar a mínima importância ao príncipe encantado que estava passando bem ao seu lado.
- Que príncipe? - perguntei.
- O seu!
- Ele passou?
- Acabou de passar, Paty. - ela riu apontando para frente com o queixo.
Olhei na mesma direção e vi Jungkook conversando com algumas pessoas. Segurava os livros nas mãos formalmente enquanto sorria de forma simpática.
- Ele...é um príncipe né Joh? - perguntei enquanto babava por sua beleza.
Ela não respondeu.
- Acho que o meu príncipe-não-tão-encantado-assim acabou de chegar. - ela disse um pouco séria.
Acordei da magia e voltei para a realidade no mesmo instante. Parei na sua frente e segurei seus braços.
- Joh, vai fazer o que eu disse. Chama ele para jantar ou algo assim. Vocês se gostam! Não deixa isso acontecer! - eu a alertei.
- Eu sei Paty, mas...é que eu estou meio confusa. - ela fez cara triste.
- Confusa como? Acha que está gostando de outro cara?
- Não...nada disso...só...não gosto mais do Namjoon como antes.
- Vai ver que é porque vocês não estão muito bem. Olhe dentro de si e veja se é isso mesmo. Vocês estão há tanto tempo juntos!
Ela assentiu duas vezes e continuou me olhando.
- Faça o que eu disse e depois me conta. - eu pedi.
Ela assentiu novamente.
- Deixa eu ir. Amanhã nos vemos, ok? - ela disse.
- Ok. - respondi. - Até amanhã.
Jordana foi andando em direção ao famoso carro preto do Namjoon. Fiquei observando seu caminho.
- Ela vai terminar com ele. - eu disse pra mim mesma.
Conhecia aquela expressão. Ela estava de saco cheio dele, só não queria dizer.
- E ela não vai chamar ele pra sair. - reclamei.
Chutei algumas pedrinhas que estavam no chão.
 Jordana sentou no carro desconfortavelmente.
 - Não sabia que viria me buscar. - ela disse sem olhá-lo.
 - Oi. - ele a cortou.
 Ela não respondeu enquanto colocava o cinto.
 - Não vai me desculpar? - ele perguntou.
 - Não. Sinto muito. - ela respondeu de forma seca.
 - Eu disse sem querer!
 - Mas disse. - ela rebateu.
 - Mas não pensei.
 - Mas disse.
 - Sabe que eu gosto de voce. Gosto muito.
 Jordana tirou o cinto e saiu do carro.
 - Aonde voce...- ele começou.
 Ela fechou a porta antes que ele dissesse mais alguma coisa.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Quase Perfeito - CAPITULO 2

   Jordana não tirava os olhos da tela do celular por um minuto.
   - Ei, que foi? - lhe cutuquei. -  Sua cara não parece muito boa... - fiz careta.
   Ela prensou os lábios.
   - É... - ela soltou o ar. - Namjoon está me tirando do sério. - ela parecia realmente irritada. - Ele quer saber o que eu faço 26 horas por dia!
   - É porque ele gosta de você, Joh. - eu sorri. - Faz sentido ele ficar com ciúmes ainda mais que entrou uma turma nova na nossa sala.
   Ela assentiu devagar.
   - Mas eu queria que ele fosse mais de boa. - ela acabou rindo.
   - Por que vocês não vão jantar hoje? Mostra pra ele o quão está feliz com ele... - eu sugeri.
   - Ah...hoje estou cansada...não estou muito a fim... - ela fez bico.
   - Faz uma forcinha! - incentivei. - Vai ser legal!
   Ela ficou pensativa.
   - Meninas, por favor...não é permitido sentar na grama. Podem se retirar? - Jackson apareceu atrás de nós nos assustando.
   Eu me perguntei mais uma vez por que uma FACULDADE tinha um inspetor.
   Ainda mais um inspetor chato como o Jackson. Qual era o problema de sentar na grama? Era a sexta ou sétima vez que ele vinha encher o saco por causa disso. Ele fica plantado do nosso lado nos esperando levantar.
   Jordana olhou para ele e fez careta quando a luz do sol atingiu seu rosto.
   - Lá em baixo tem muita gente...não gostamos ficar lá. -
Jordana explicou.
   - Sinto muito. - ele colocou as duas mãos para trás e ficou nos esperando sair.
   Jordana bufou discretamente e se levantou.
   - Vem, vamos. - ela me chamou.
   Me levantei em seguida. Fomos em direção ao pátio.
   - Aí é área restrita para os funcionários! - ele gritou de longe.
   - Puta merda, que saco! - Jordana reclamou.
   Demos a volta e tomamos o outro caminho. Jackson tinha que agradecer, pois respeitamos seu trabalho. Mas que passavamos vontade de xingá-lo de vez em quando, não dava pra negar.
   - Senhor Jackson está satisfeito agora?! - Jordana fez uma voz engraçada.
   Eu ri.
   - Não! - ouvimos uma voz vindo de dentro do estúdio de rádio. - Eu já disse que não!
   Nós paramos em choque. Nos olhamos por um segundo.
   - Será que dá pra parar? Isso está me irritando ao extremo, cara! - ouvimos a mesma voz.
   - Conheço essa voz. - Jordana disse.
   Assenti concordando. Fomos de mansinho até a porta e olhamos na fresta.
   Era ela mesma. Julia.
   Fiquei me perguntando se ela estava com problemas com alguém e de algum modo me preocupou.
   - As pessoas vão perceber e isso não vai ser nada bom pra você. Você sabe disso. - ela disse mais baixo.
   - Deixa eles saberem. É até melhor porque eu não preciso ficar fingindo. - era a voz do professor Gong Yoo.
   O que ele estava fazendo ali?!
   - Ah...e quer perder teu emprego? - Julia o encarou.
   Quando conseguimos olhar com clareza, vimos que ele estava sentado em uma das cadeiras confortavelmente enquanto Julia andava de um lado para o outro sem parar.
   - E quer fazer a Carla sofrer mais ainda?! - ela fez cara de desprezo. - Você realmente é um imprestável, Gong Yoo.
   Ele se levantou de repente e caminhou em sua direção devagar. Ela continuou parada de peito estufado.
   Eu olhei para Joh assustada e ela parecia sentir o mesmo. O que era aquilo?!
   Eu fiquei realmente aflita, pois ele parecia nervoso. Ele...iria bater nela?
   - Eu? Imprestável? - ele perguntou com a voz cheia de raiva. - Eu fiz tanto por voce Julia...agora sou imprestável?!
   Ela ficou em silêncio apenas encarando seus olhos.
   Ele continuou andando em sua direção, forçando-a a dar passos para trás. Julia bateu suas costas contra a parede e ele a cercou com os braços.
   - Julia. Você só pode estar brincando comigo. - ele disse.
   - Eu já dei a minha resposta e você já sabe qual é a minha intenção. - ela disse fria. - Eu já disse que daqui pra frente não existe mais nós!
   - Então por que quando eu olho nos seus olhos eu vejo que ainda me  ama? - ele quase gritou.
   Ela ficou em silêncio. Dessa vez sua expressão era de medo. Seus olhos começaram a brilhar por conta das lágrimas e mal parecia respirar. Gong Yoo parecia estar prestes a desabar no choro. Ele parecia arrasado.
   - Você não pode estar falando sério. - ele disse com a voz trêmula.
   Ele disse algo depois que eu não pude entender. Ele estava sussurrando.
   - Não consigo ouvir. - eu disse.
   - "Tudo o que passamos foi mentira?" - Jordana "traduziu".
   Jordana conseguia ler lábios com muita facilidade. No ensino médio, ela tinha muitos amigos que eram surdos e conversava com eles através de gestos e sinais. Com isso, acabou aprendendo a ler lábios também.
   De repente, Gong Yoo aproximou o rosto próximo ao dela. Segurei o ar como se eu não pudesse mais respirar de susto.
   Eu nunca iria imaginar que...o relacionamento entre o Gong Yoo e Julia era tão próximo assim.
   Todos sabiam que ele era grande puxa saco dela, mas nada desse tipo. Quer dizer, todos brincavam que eles tinham um relacionamento em segredo, mas acho que ninguém imagina que isso é real.
   - Você não me deixará escolhas a não ser sair dessa faculdade. - Julia disse rápido como se as palavras fossem amargas.
   - Por favor. Não faça isso. - ele disse.
   - Então nao mova um centimetro a mais pra perto de mim. - ela disse de olhos fechados.
   Ele percebeu que Julia estava realmente incomodada com a situação e levou alguns segundos para se afastar dela.
   - Eu ainda te amo Julia. Muito. Eu não sei o que fazer se você sumir... - ele disse de longe.
   Ela continuou de olhos fechados.
   Sem dizer nada, ela simplesmente deu as costas e foi em direção a porta.
   Nos afastamos de ímpeto, mas não rápido o suficiente.
   Julia se assustou com a nossa presença e ficou nos olhamos com seus olhos estalados por alguns segundos. Ela não sabia como agir. Muito menos nós.
   

Quase Perfeito. - CAPITULO 1

   - É que na verdade as cores não são exatamente o ponto x da coisa. - Sungmin tentava explicar.
   - Ok, mas a ideia do trabalho eram as cores. Estamos há um mês inteiro falando sobre as cores. - professora Carla fez cara de desprezo.
   O comentário arrancou alguns abafados dos alunos, o que deixou  Sungmin claramente incomodado.
   Ele mexeu os lábios para dizer algo, mas Carla levantou o dedo indicador antes que ele ao menos respirasse.
   - Seu tempo já foi. - ela o interrompeu com sua voz seca.
Sungmin esfregou as mãos contendo um pequeno surto.
  - Seu trabalho ficou confuso, não tem conceito algum, não tem nada a ver com o tema dei.
   - Mas...
   - Agora só eu falo. - ela o cortou com a voz séria. - Eu acho que...você tem que trabalhar melhor essa sua criatividade entender a matéria, enfim...perguntas? - ela olhou redor. Ninguéem que se manifestou. - Sete.
   Ela marcou em um papel e ele ficou parado em choque.
   - Sungmin, não tenho dia inteiro. -ela abriu os braços percebendo que o garoto não saia do lugar. - Dê licença ao próximo grupo. - ela o expulsou.
   Ele foi para o seu lugar totalmente frustrado.
   - Você foi bem. - Jordana bateu em seu ombro lhe confortando.
   - Bem? Você viu aquilo? - Sungmin disse com o rosto branco.
   - Você ainda liga pra ela ? - Patrícia fez cara de nojo. - Ela nem sabe que fala Sungmin, relaxa.
   - Grupo quatro! - Carla gritou em tom de bronca para que todos parassem de conversar.
   Uma garota loira se levantou e foi em direção à sua mesa.
Ela disse algumas coisas inlaudíveis e de repente Carla colocou a mão na testa e bufou alto.
   - Karen você terminou o trabalho ou não? Não tem meio termo. - Carla falou com a voz forte, mas não alterada.
   - Fiquei em dúvida se deveria por não! Podemos apresentar assim mesmo? - Karen perguntou com a voz aflita.
   - Karen, vá sentar. - Carla disse escrevendo no papel.
   - Só faltou duas imagens no slide! Isso é muito?! São imagens significativas e ninguém do grupo sabia se era anti ético ou não colocá-las no trabalho!
   - Uma imagem... - Carla a interrompeu falando mais alto que ela. - Faz uma grande diferença. - disse mais calma. - Duas, você pode perder um contrato fácil, fácil. - ela enfatizou cada palavra. - Pense nisso no próximo trabalho.
   - Carla eu não quero... - Karen se preparava para lhe dar uma lição de moral.
   - Grupo cinco! - ela gritou interrompendo-a.
   Nós ficamos em choque.
   - Não acredito que ela zerou o trabalho dela por causa de duas imagens. - Jordana balançou a cabeça negativamente. - Podia pelo menos dar nota baixa.
   - Vem vamos! É a nossa vez. - Goo Hara disse se levantando e ignorando mais uma barbaridade de Carla.
   Jordana e eu nos levantamos.
   - Vamos para o enforcamento. - Goo Hara disse rindoz
   Nós rimos.
   Eu não queria ouvir um "a" de Carla sobre o nosso trabalho. Planejamos todas as questões fizemos pesquisas, a maioria das coisas não foram procuradas no Google até porque não acredito em muita coisa que está nele.
Mas se depois de tudo apresentado ela fizer cara de quem comeu e não gostou, eu vou cuspir no prato dela e ela vai ouvir. Farei no seu estilo.
Nervosinha, mas sem cair do salto.
   Tudo nela era desprezível. A não ser a sua beleza. Eu tinha te admitir que ela era uma loira muito bonita, de olhos azuis como piscina, os lábios canudos e tinha um corpo invejável apesar de seus trinta anos. No início das nossas aulas de publicidade, os garotos a comiam com os olhos. Eles eram péssimos para fazer trabalhos e não tinha criatividade alguma, mas quando o assunto era olhar o que tinha dentro da saia de Carla, nessas horas a criatividade fluir de seus poros.
   Para as garotas, ela era uma vaca. Todas as odiavam e estavam até pensando em fazer baixo assinado para tirar tirá-la do cargo. Mas o problema era ela ensina muito bem.  Era a matéria preferida de muitos, mas realmente, ela era chata ignorante e pavio curto bem curto.
   Mas o que mais me entrigava nessa mulher, era como ela sabia lidar com todas as situações. Todos a odiavam até a morte, mas nesse ponto, chega até se tornar admiração pra mim. Pelo menos isso , eu achava incrível nela. Tinha todas as respostas na ponta da língua e ninguém nem sequer conseguia tocar em seus pés. E o melhor de tudo, é que ela nunca estourava. Era uma postura e voz autoritária que ninguém ousava discutir, pois sabia que perderia uma briga com ela. Ela nem menos da chance de responder imagine atacar! Carla era uma adversária invencível. Isso me assustava mais ainda. A minha vontade te desafiá-la era bem maior que tudo. 
   Não, eu não era pessoa de confusão. Nem eu nem as amigas. Eu tentava me conter quando Carla soltava suas respostas secas mas ela me faz tremer de raiva. Eu tenho desejo de pisar em seu calo até que peça perdão, mas acho que não seria uma missão fácil e acho que isso incentivava mais ainda.
- Qual o tema de vocês? - ela perguntou num tom frio quando nos alinhamos na frente da sala.
- Budweiser. - eu disse sem vontade alguma.
   - Mais uma cerveja? Gente vocês não tinham outro tema pra pegar? - ela perguntou olhando pra sala.
   - Cerveja é mais fácil. - um garoto respondeu com toda sinceridade.
   Ela ergueu uma das sobrancelhas.
   - Povo sem criatividade...-
ela resmungou. - Não apertaram cntrl c + v também...não é? Saibam que farei o mesmo com as notas...
   Que mulherzinha insuportável.
      Carla não se sentiu afetada e apenas jogou olhar para nós.
   - Comecem.- ela disse sem paciência apertando botão do cronômetro e voltou a escrever nos papéis.
   Goo Hara abriu um sorriso inspirando o ar para dizer as primeiras palavras. Carla mal nos olhava.
   Antes que Goo Hara começasse, fiz sinal para que esperasse. Jordana me jogou o olhar sem entender.
   Os olhos de Carla encontraram os meus.Eram frios e desafiadores.
   - Eu disse para começarem. - ela disse como se fôssemos retardadas.
   Carla voltou a olhar os papéis e rabiscou algo novamente.
   Me inclinei de leve para Goo Hara.
   - Ela não está nem olhando! - sussurrei.
   Goo Hara mantinha os olhos nela.
   - Paty, não complica... - Jordana parecia entender a minha intenção.
   Mesmo sendo um tom de alerta, não tinha sido uma bronca. Eu sabia que no fundo, ela não estava nada contra.
   Todos perceberam que nós estávamos prestes a fazer uma pequena confusão.
   Carla nos olhou claramente irritada dessa vez.
   - Gente, estão esperando o que? - ela basicamente gritou.
   - Esperando você. - eu disse séria contendo a raiva.
   - Eu estou ouvindo. - ela rebateu.
   - Nosso trabalho se trata de imagens. E imagens devem ser vistas e não ouvidas. - Jordana atacou.
   Heechul que estava na primeira fila nos jogou um olhar surpreso. Ele sabia que em alguns segundos, o barraco estava feito. A sala começou a tagarelar e eu consegui ouvir " nossa!" "Caramba, que isso?".
   Carla soltou um grito para que todos se aquietassem.
   Ela me jogou um olhar desafiador.
   - Vocês querem apresentar, ou não? -ela perguntou pausadamente.
   - E você? Dá pra prestar atenção decentemente ou não? - minha voz quase tremeu ao segurar os palavrões que teimavam em fugir da minha boca.
   A sala virou uma zona dessa vez. Eram risadas, assobios e ruídos para todos os lados.
  Carla se levantou e todos esperaram sua reação.
   - O teatro principal ainda está aberto. Se quiser dar seu show, vocês podem se retirar. - ela apontou a porta.
   Os alunos pareciam plateia de competição de luta livre.
   Goo Hara perdeu o controle e deu passos fortes até chegar a mesa em que Carla estava. Bateu as duas mãos no centro fazendo um grande estrondo que me fez pular.
   - Dar o show eu não sei, só sei que estou pronta pra lhe dar um casset... - Goo Hara disse erguendo a mão que parecia estar pronta para dar um belo tapa.
   - Goo Hara, não. - Jordana interrompeu segurando seu braço.
   - Ela está no cargo há tanto tempo e ninguém falou pra ela? - Goo Hara gritou com ela.
   Sabíamos que quando Goo Hara saia do controle ela fazia coisas indevidas. Falava e agia sem pensar.     Quem a vê com seu rosto angelical, sorriso fofo e inocente, não imagina uma garota totalmente transformada quando fica em fúria.
   O pior de tudo é que ninguém consegue segurá-la.
   - Você quer a verdade bem dita? - Goo Hara ergueu a sobrancelha esquerda. - As pessoas não querem você como professora. Elas te odeiam. Não é apenas um ódio qualquer, mas um ódio de matar! - Goo Hara a encarou.
   - E eu vou ter culpa? Não mudarei meu jeito para agradar pessoas. Eu não sou obrigada a ouvir isso.- Carla riu ironicamente.
   - Sim, você é. Você pede por isso! Pede pra apanhar. - Goo Hara sorriu de volta.
   Carla ficou quieta apenas encarando seus olhos.
   Goo Hara abriu um sorriso maléfico dessa vez.
      - Eu consigo ver por trás desses olhos...por trás dessa armadura de ferro. Consigo ver uma menina pequena... com medo de tudo, e de todos... - Goo Hara dizia cruelmente.
   Jordana já não sabia mais o que fazer. A situação já estava fora de controle.
   Carla se calou.
   A respiração de Goo Hara estava pesada. Todos ficaram em silêncio ao perceber que estava ficando sério.
   Carla se levantou e a encarou dentro dos olhos.
   - Eu acho que essa conversa já chegou ao fim. - Carla disse com a voz cheia de ódio.
   Goo Hara sabia que iria sair briga física. Sabia que se começasse não iria parar e com Carla não seria diferente.
   - Chega. - Jordana disse quebrando a tensão.
   As duas se encararam por mais alguns segundos até que o sinal soou.
   Relaxei os ombros.
      Quando nos sentamos, Heechul olhou para trás.
   - Gente, o que foi aquilo?! - ele perguntou boquiaberta.
   - Ela merecia vá. - Goo Hara disse cruzando os braços como uma criança mimada.
   - Mas eu acho que você pegou pesado, Hara. -  Jordana disse séria.
   - Mas acho que recompensou todos esses anos que nós aturamos ela. - Heechul disse. - Pensando bem, já estava na hora disso acontecer mesmo.
   - Me sinto vingado. - Sungmin disse triunfante.
   - Sim, ela é muito azeda! - Heechul disse. - Não conheço nenhum homem que tenha aguentado essa daí. O mau humor deve atrapalhar na hora do...
   - Heechul. Menos. - eu disse cortando-o antes que começasse a falar suas besteiras.
   - To mentindo flor? - Heechul olhou pra mim. - Ela está precisando de uma noite daquelas.
   Todos riram.
   - Isso não é maldade? - Jordana perguntou.
   - É verdade! - Heechul respondeu.
   - Que aula é agora? - Goo Hara cortou o assunto.
   - Mídias Sociais.
   - Ahh, o bonitão! - ela bateu palminhas.
   Ele entrou na sala com seu enorme sorriso.
   Gong Yoo.
    Era o professor querido de todos. Os garotos gostavam dele, porque ele tinha um jeito único de explicar a matéria. Era simpático e bem humorado.
   As garotas babavam nele, pois o achava lindo de morrer. Ele não era daqueles que dava corda à elas, mas também não recusava um elogio.
   Apesar de ser brincalhão, todos o respeitavam muito.
   Ele colocou os livros em cima da mesa e tirou o paninho do bolso para limpar os óculos.
   - Que caras são essas? Viram a morte? - Gong Yoo perguntou rindo.
   - Acho que foi pior. - Heechul riu.
   Todos riram.
   - Brigaram, é? - ele perguntou sorrindo.
   - Como sabe? - Sungmin perguntou.
   - Publicitários. - ele colocou os óculos de volta.
   Todos riram novamente.
   - Bom, vamos lá. Alguém fez a pesquisa?
   Ele olhou para a sala de um lado para o outro. Ninguém se manisfestou.
   - Gente, assim vocês forçam a amizade. - ele riu. - Julia?
   - Desculpe. - ela respondeu.
   Gong Yoo fez bico.
   - O negócio era o seguinte...as marcas são criadas através de logos e nomes que caracterizam uma empresa...- ele começou a explicar.
   - Eu acho que ele gosta dela. - Heechul me cutucou.
   Eu ri.
   Julia era sua aluna preferida. Ela sempre fazia as pesquisas e era muito inteligente.
   Era do tipo tímida, não tinha muitos amigos, falava pouco, mas chamava muita atenção.
   Jungkook era sua versão masculina.
   Apesar de ser o mais novo da sala, era um dos, se não o mais inteligente dali. Tinha idéias perfeitas, sabia fazer tudo com capricho e além de tudo, era muito, muito fofo.
   Sempre estava prestando atenção nas aulas, com as canetas passeando entre os seus dedos. Era incrível a agilidade com que elas giravam sem cair.
   Eu ficava observando-o com frequencia. Ele tinha um ar de mistério que despertava a minha curiosidade.
   - Paty, presta atenção. - Jordana me cutucou.
   Balancei a cabeça e voltei a olhar a lousa que estava toda escrita.
   Jordana começou a rir.
   - O que foi? - perguntei rindo.
   - Você não sabe disfarçar. - ela riu.
   Nós rimos.