quarta-feira, 30 de julho de 2014

Continuação 18



Uma pequena fresta de luz incomodou Paty. Ela abriu os olhos lentamente e demorou para perceber a situação. Seu raciocínio estava extremamente lento como se estivesse sob efeito de droga, mas ao se lembrar do ocorrido começou a entrar em pânico.
Tentou soltar seus braços, mas estavam presos com correntes. Estava escuro e muito frio. Ouvia um som de água escorrendo lentamente ali perto. Pensou por um segundo estar no esgoto, mas o ambiente não tinha cheiro ruim.
Tentou várias maneiras para se soltar. A medida que seus pulsos se machucavam, sua respiração ficava cada vez mais rápida. Seu coração parecia não aguentar o ritmo do sangue do corpo lhe causando tonturas e náusea.
Depois de alguns minutos, seus olhos começou a se acostumar com a escuridão.
Parou quase de imediato ao perceber que não estava sozinha ali. A sala era de tamanho médio. Tinham vários garotos sentados nas paredes por todos os cantos todos olhando para ela com a expressão fria.
- Ela não gritou. Isso não me parece ser um bom sinal. - uma voz bem grave quebrou o silêncio lhe dando um grande susto.
Olhou para o lado e viu o garoto de expressão ainda mais fria. Talvez o mais assustador de todos. Ele se levantou e caminhou lentamente até chegar na sua frente. Paty fechou os olhos achando que ele fosse talvez golpear seu rosto, mas nada aconteceu. Ele agachou e ficou olhando em seus olhos como se estivesse procurando algo.
- OLHA PRA MIM!!! - ele gritou.
Paty abriu os olhos e o observou. Seus olhos tinham uma profundidade tão grande que ela jurava conseguir enxergar um grande poço sem fundo naqueles olhos negros. Ele continuou estudando seu rosto com cautela.
- Me conte a sua versão. - ele disse.
Ela não entendeu.
- Eu quero saber...Me disseram que você não tem a ver com a mafia. É verdade? - ele perguntou.
- É verdade. - ela respondeu decidida.
Ela se levantou e soltou uma risada sarcástica. Fez um caminho estranho e sem sentido e voltou novamente para o mesmo lugar. Ele tirou uma faca e colocou em seu pescoço.
- Nós trabalhamos para o governo. Sabe disso não? - ele perguntou. - Isso me dá o direito de tirar a sua vida e nada acontecerá comigo.
Seu corpo inteiro tremia. A faca estava machucando um pouco, mas seu corpo estava tão gelado que mal sentia dor.
- Eu quero a verdade. Você trabalha para a mafia ou não? - ele perguntou pausadamente.
- Não...é verdade! - ela disse decidida.
Uma lágrima caiu rapidamente em seu rosto. Estava com muito medo.
- Ela ainda está sob droga? - ele perguntou sem tirar os olhos dela.
- Sim. - alguém respondeu.
Ele assentiu devagar duas vezes e continuou estudando seu rosto. Paty nunca observara um rosto por tanto tempo.
- Eu nunca me deparei com isso. - ele disse mais baixo sem perder a autoridade.
- Algo errado? - outra pessoa perguntou com um tom de preocupação dessa vez.
Ele estreitou o olhar por alguns segundos.
- Ou ela é forte demais ou ela mente muito bem. - ele disse. - Ela não parece estar calma por dentro, mas por fora ela parece bem firme. Ela não grita, não pergunta. Só responde. - ele ergueu uma sobrancelha rapidamente. - Não sei se isso é atuação, um jogo, ou realmente a verdade dita.
Paty de repente tombou a cabeça para frente. Mal conseguia sustentar o peso dela por estar muito fraca.
- Qual foi a dosagem? - ele perguntou. - Ela está muito fraca.
- Ela estava lutando e se debatendo muito, então eu dei a mais forte. - outra pessoa disse.
Paty estava respirando lento e com dificuldade. Seus olhos estavam ficando cada vez mais pesado.
- Eu posso confirmar. - ouviu a voz de Jungkook.
Ela conseguiu se manter atenta. Olhou para os lados, mas não conseguia vê-lo.
- Ela não faz parte de máfia. - ele continuou. - É impossível uma pessoa atuar tão bem. Pode soltá-la, Tao.
O garoto tirou a faca do pescoço de Paty que caiu com o corpo para frente.
- Como posso saber se está falando a verdade?  - Tao se levantou olhando para um canto da sala. - Não dá para acreditar muito em alguém que tem sentimentos em relação à ela.
- Eu lhe garanto. Ela ficou realmente assustada quando eu a apaguei e se eu realmente tivesse sentimentos por ela, porque eu traria ela aqui? - ele perguntou.
- Não tem sentimentos por ela? - Tao perguntou.
- Não. - a voz de Jungkook era vazia.
Paty sentiu o coração doer. Foi a partir desse momento que sentiu que realmente gostava de Jungkook. Parou de respirar por alguns segundos. Parou de piscar. Seu mundo parecia ter desmoronado.
- Vale à pena? - Tao perguntou.
- Eles disseram que será aquilo tudo. - Jungkook respondeu.
Paty não estava entendendo do que eles estavam falando.
- Eu não acredito em palavras. - Tao disse.
- Mas as palavras movem o nosso mundo. - Jungkook rebateu.
Fez-se silêncio. Tao sentou na sua frente novamente e ergueu seu rosto. Ele estava com a expressão mais fria do que antes.
- Escute aqui, se você estiver... - ele começou a dizer, mas logo sua expressão mudou.
Ele observou seu rosto coverto por lágrimas e não conseguiu prosseguir. Ele parecia estar um pouco assustado.
- Por que? - ele perguntou deixando claramente que estava preocupado.
Paty começou a chorar mais e mais sem conseguir parar e ele não soltava seu rosto.
- Essas lágrimas não são necessárias. - ele disse com a voz vazia novamente.
Jungkook apareceu de repente na luz.
Ela o olhou devagar e mais lágrimas começou a cair. Simples palavras, poderiam matar uma pessoa por dentro. Seu corpo parecia estar vivo, mas a sua alma parecia estar morta.
- O que me diz? - Tao perguntou se levantando.
Jungkook sentou na sua frente e observou seu rosto com o rosto tão frio que doía ainda mais em seu coração.
Porque tinha sentimentos por aquele garoto. Provavelmente o mesmo que vai tirar a sua vida.
- Acenda a luz para ela me ver melhor. - Jungkook pediu.
As luzes se acenderam quase de imediato. Paty olhou para os lados e conseguiu ver  mais ou menos vinte garotos espalhados pelo lugar. Devia ser mais, mas ela não conseguia prender sua atenção à eles. Queria entender como uma pessoa ser gananciosa daquela maneira? Ele estava tão indiferente em relação à ela que mal poderia acreditar que era a mesma pessoa.
- Ainda está assustada? - ele uniu um pouco as sobrancelhas.
Tao observava tudo.
- Sim...o Taehyun estava certo. - Jungkook disse. - Eu não sou como você pensa.
Paty engoliu em seco. Então era essa a imagem que Taehyun via de Jungkook?
- Tem sentimentos por mim? - ele perguntou confuso.
Ela não respondeu e tentou se controlar, mas as lágrimas eram teimosas demais.
- Foi mal. - ele deu de ombros ao perceber que ela gostava dele.
- Acabe logo. - Tao andou pela sala.
Jungkook a olhou por dois segundos. Ele tirou uma injeção do bolso e aplicou em seu braço. Seu corpo parecia ter apagado de uma vez.
Não via mais nada. Não ouvia mais nada.


Julia sentou em um banco na praça principal. Por mais que tudo estivesse dando certo agora, ela não conseguia abafar a tristeza dentro de si. Chorava a todo momento.
Olhava para aquele sol, aquele céu.
- Por que num mundo tão bonito e bom tem que existir coisas tão ruins e cruéis? - ela perguntou.
Alguns passaros atravessaram o céu. Ela respirou fundo e tentou se acalmar.
- Você é louca?! Ficar assim em praça pública? -  Jhope apareceu na sua frente de repente.
Ela o olhou e percebeu que ele estava desesperado. O que ele estava fazendo ali? Ele estava vigiando ela?
- Precisa ficar num lugar seguro, vem eu... - ele segurou seu braço para tentar tirá-la dali, mas ela recusou.
Ele a olhou um pouco assustado.
- Julia... - ele disse achando que ela tinha mudado por um momento.
Ela segurou seu braço com delicadeza e não disse nada. Ele foi relaxando aos poucos.
- Olhe para o céu. - ela disse.
Ele não respondeu. Estranhou aquele comportamento de Julia, mas depois de alguns segundos olhou para o céu.
O sol estava quase se pondo. As nuvens estavam suaves, as cores rosa, azul e lilás preenchia todo aquele espaço. Realmente era uma visão bonita.
Ele sentou ao seu lado e se acalmou. Entendeu que ela precisava de um tempo para respirar. Precisava descansar.
E ele também. Sentiram a brisa quente e com leve aroma de mata. Ambos fecharam os olhos e relaxaram.
Ele segurou a sua mão e Julia permitiu.
- Teremos essa sensação de liberdade em breve. - ele disse. - Pra sempre.
Julia abriu os olhos para olhar para ele. Ele sorriu de leve passando lhe confiança.
- Eu prometo. - ele disse.
Jhope segurou seu rosto e lhe beijou nos lábios.
Existiam pessoas que ainda faziam o mundo do caos ser muito emocionante e bonito. Sua ligação com Jhope era inexplicável.

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