Me recuei rapidamente já canalizando a energia.
Ele continuou parado no mesmo lugar e eu conseguia prever que ele não faria nada. Mas mesmo assim eu estava totalmente insegura.
Com a sensibilidade da pele senti as vibrações do vento para saber se estava cercada ou não, mas parecia que ele era o único por ali.
Ele deu um passo devagar na minha direção e eu endureci o corpo. Me concentrei para que a energia já lhe banhasse para qualquer movimento brusco acabar com tudo aquilo.
Droga eu queria ver seu rosto para tentar perceber pelo menos sua expressão e qual era o objetivo de tudo isso, mas seu capuz era grande demais.
Pelas mãos eu pude perceber que era um garoto.
Ele deu outro passo e eu o apertei um pouco mais.
- Jenny. - sua voz de repente ecoou na minha cabeça me assustando.
Relaxei os ombros.
Ele deu mais um passo e dessa vez não foi tão assustador. De alguma maneira, sua voz me passou a impressão de que era uma pessoa confiável.
Com um pouco de receio tentei tocar em seu capuz e ele nada fez.
Agi vagarosamente para não assustá-lo e descobri seu rosto.
Meu corpo inteiro se relaxou e ele sorriu.
- Ah, não acredito...você está aqui!!! - eu disse realmente surpresa.
Eu o abracei.
- Sim, estou! Achou que se livraria de mim assim tão rápido? - ele começou a fazer cócegas não perdendo o costume. - Eu disse que estaria com você não importa aonde estivesse. - ele disse firme.
Eu estava com muitas saudades dele e vê-lo me confortava muito.
- Você sabia de tudo que iria acontecer?
- Sim, sabia. E sei o que vai acontecer daqui pra frente.
Percebi que havia um pouco de desespero e insegurança na sua voz. Ele parecia tão mais velho do que de costume que eu estava me perguntando se ele, era aquele mesmo cara por quem me apaixonei quando era Jenny.
- É, na verdade sou assim. - ele disse provavelmente ouvindo meus pensamentos. - Na verdade, eu sou seu guia.
- Meu...guia?
- Sim. Sempre fui. - ele sorriu. - Sempre cuidei de você para que fizesse as escolhas certas.
Aquilo me surpreendeu.
- Eu não tenho muito tempo. Na verdade, não era nem para te encontrar novamente dessa maneira, mas estava com saudades. - ele disse meio afobado.
- Ah, eu também! - sorri achando aquilo muito perfeito.
- Eu vou estar o tempo todo com você como sempre estive, esse é meu dever.
É. Ele sempre fez tudo para estar ao meu lado e nunca me deixar sozinha. Agora tudo faz sentido...
-Parabéns pela luta contra os Narts. Você foi melhor do que pensei! - ele sorriu cheio de orgulho. - Daqui pra frente eu acredito que também fará o mesmo com as outras situações.
- Eu prometo que darei o meu melhor.
- Assim que se fala!
Nós rimos.
- Lia. - ele me chamou pelo nome Meryn. - Eu quero que me ouça bem, por favor. Isso é extremamente importante. - ele deu ênfase em cada palavra.
Me preparei para ouvir.
- Você vai ter que seguir todas as minhas instruções. Vou citar cinco chaves. Guarde bem e nunca se esqueça delas em momento algum, pois quando você achar que não há mais saída, terá que usá-las. Afinal, sou a chave para cada cadeado que encontrar travado.
Me preparei para ouvir.
- A primeira chave é: A resposta não está aqui.
Apertei os olhos.
- Segunda chave: Subsolo.
- Subsolo? - fiquei ainda mais confusa.
- Terceira chave - ele ignorou o que eu disse. - São apenas escolhas.
Eu não estava entendendo nada do que ele estava dizendo.
- Quarta chave: Aquele que tem o corpo inteiro coberto por imagens saberá como prosseguir.
- Viu...
- Quinta chave: O segredo está no interior.
- E o que isso pode mudar? - perguntei.
- Tudo. Se você não guardar essas chaves Lia, pode ser o fim do universo.
Senti um choque tremendo.
- Você está falando sério?
- Super sério! - ele quase gritou.
Eu o olhei meio assustada. Ele estava agindo como se estivesse louco.
- Outra coisa. Você não pode falar para ninguém sobre essas chaves. Ninguém! Evite ficar pensando nelas ou tentar decifrá-las, pois ninguém pode saber delas e nem pensar que você sabe sobre o futuro. Entendeu?
- Por que?
- As pessoas podem mudar o rumo das coisas e se mudar, não há chave que possa salvar tudo o que existe.
Comecei a ficar desesperada.
- Eu vou te dizer coisas que eu não deveria dizer. Mas, acho que deve entender isso, porque será difícil demais para descobrir isso sozinha.
Eu estava começando a levar a sério.
- Você faz parte do círculo que vai salvar tudo quando estiver bem próximo do fim. Pessoas que você conhecia como Jenny e pessoas que conhece agora compõe esse círculo.
- Que círculo?
- Eu não posso dizer mais coisas que isso. Mas esse círculo tem que ter as pessoas certas ou não funcionará.
Eu fiquei mais tentando guardar as coisas que ele dizia do que tentar decifrá-las.
- Aja o mais rápido que puder. - ele disse. - Todo o tempo e pouco tempo.
Assenti.
- Use as chaves quando não encontrar solução. Na ordem, não confunda ou então não dará certo. Repita as chaves para mim. - ele pediu.
Engoli em seco.
- Primeira: A resposta não está aqui...Segunda: Subsolo. Terceira...
- São apenas escolhas. - ele me ajudou.
- Quarta: Aquele que tem o corpo coberto por imagens que saberá como prosseguir.
- Isso. - ele sorriu.
- Quinta: O segredo está no interior.
- Te amo! - ele me girou uma vez.
Eu acabei rindo.
- Confio em você. Quer dizer, nós confiamos.
- Nós? - olhei ao redor. - Nós quem?
- Seus ancestrais, Lia. Muitos estão olhando e torcendo por você.
Senti como se eu carregasse uma função extremamente importante. Como se eu não estivesse ali à toa.
Ai caramba essas chaves pareciam monstruosas não faziam o menos sentido!
- E se eu contar para Nichkhun? - perguntei.
- Não...
- Por que? Ele pode me ajudar a descobrir...
- Lia, você está sozinha. É apenas você e eu. Nunca confie nas pessoas ao seu redor. Nem mesmo no seu próprio irmão.
Fiquei um tanto assustada. Por que ele estava dizendo aquilo?
- Não, ninguém te traiu ali. - ele disse novamente ouvindo meus pensamentos. - Mas pode ser que a pessoa te traia. E isso não vai ser nada bom. Será o eterno fim.
- Por que não me conta logo o que vai acontecer? - perguntei.
- Não dá!
- Por que?
- Quer mesmo saber?
Assenti.
- Alguém vai descobrir que você sabe e você morrerá.
Senti o coração bater forte.
- Nossa... - eu disse horrorizada.
- Olha, eu sei que isso tudo é muito assustador, mas você precisa fazer isso. Não pense apenas nos Meryns, pense em todas as pessoas e seres vivos de todos os lugares do universo.
- E meu propósito é...
- Salvar todos.
- Nossa que fácil. - eu disse irônicamente. - Mais fácil do que passar o chefão do Mario World...
- Lia, não viaja. É sério. - ele disse rindo.
- Tudo bem... - eu ri. - Eu entendi.
- Me prometa duas coisas.
- Diga.
- Não conte à ninguém sobre as chaves, não dê nem indícios de que sabe sobre elas e evite ficar tentando descobrir o que significa. Você saberá a hora de usá-las.
- Ok, prometo.
- Outra coisa. Não morra.
Senti um arrepio horrível.
- De verdade. Você é a nossa última tentativa. Outras pessoas já estiveram no seu lugar, mas não deu muito certo. Elas tentaram seguir as chaves, mas acabaram falhando. Eu acredito que você consegue tirar de letra.
Eu tive vontade de chorar de medo.
- Vai ficar tudo bem, Lia. - ele tentou me confortar.
- Você pode aparecer quando eu estiver em pânico?
- Eu...não vou mais aparecer.
- O que? Por que?
- Eu não estou na mesma dimensão que a sua.
Franzi a testa.
- Quer que você...
- Sim, estou morto. - ele sorriu.
Devo ter ficado branca.
Soltei um grito alto e ele tapou a minha boca segundos depois.
- Está louca?! Não grite! - ele riu.
- Ah não! Você só pode estar brincando comigo...
- Não estou...Eu descobri um jeito de vir aqui pra te ver por alguns minutos, mas é só. Eu não vou te ver mais.
Eu o abracei chorando.
- Eu não acredito...o que houve? - perguntei.
- Nada. Eu nunca fui vivo. - ele disse.
- Nem quando eu era meu namorado?
Ele riu.
- Não...
- Mas...como você vivia ali comigo?
- Eu fiz coisas não permitidas, usei esse corpo para te acompanhar. - ele apontou para si mesmo. - Mas foi por uma boa causa. Ah, e não me chame de namorado...sou seu guia.
Eu estava completamente atordoada que eu nem sabia o que pensar e sentir.
- Então calma ai... - comecei a raciocinar. - Naquela vez que você me pediu em namoro quando eu disse que não queria mais a sua amizade você mentiu?!
Ele segurou a cabeça.
- Não foi bem assim... - ele tentou se explicar.
- Você mentiu!!! Não acredito! Você nem ao menos gostava de mim! Fez isso só pra me acompanhar... - eu fiquei nervosa.
- Eu amo você! Mas não desse jeito! E precisava arranjar um jeito de ficar do seu lado...
Eu o empurrei e ele riu.
- Lia, entenda... - ele pediu.
- Ah, que merda! Pelo menos me dissesse então!
- O que eu diria? Eu sou seu guia e preciso cuidar de você?
Eu o olhei tentando imaginar a situação. É, realmente eu não acreditaria e ainda sairia correndo.
- Viu como faz sentido? - ele perguntou.
Fiquei realmente triste. Eu achei que ele tinha realmente me amado.
- Você tem a sua pessoa certa, não vai sofrer por causa de mim. - ele disse novamente naquele tom confortante.
Ele colocou a mão na minha cabeça.
- Preciso ir. - ele disse.
- Espera, você não pode...
Ele começou a desaparecer. Ele estava desaparecendo!
- Até a próxima. - ele disse.
Ele desapareceu.
Foi muito mais assustador do que a luta contra os Narts.
Soltei outro grito.
- Calma, o que aconteceu?! - Seungri pousou a mão em meu ombro me fazendo pular de susto.
- O Jonghyun...
- Quem é esse?
Ai droga. Eu não poderia pensar nisso, porque pensaria nas...
- Nada. - voltei ao normal.
- O que? Do que está falando? Quem é Jonghyun?
E agora?!
Ele ficou olhando pra mim esperando a minha resposta.
Eu não tinha outra escolha. Canalizei a energia até um galho e deixei que caísse em sua cabeça. Ele caiu no chão inconsciente.
Pegasus veio rápido para me ajudar. Coloquei Seungri em suas costas e fomos andando.
Isso realmente aconteceu?
Minha cabeça estava um nó tão grande que mal conseguia pensar.
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