Fiquei tentando me recordar de onde eu conhecia ela por mais que fosse inútil fazer esforço.
Nichkhun se levantou e me olhou.
" Tem que se curvar! Sorte sua por ela estar em um dia de paz!" - ele me olhou meio bravo.
" Ah, não me enche , Khun!"
Sua expressão se congelou por alguns instantes e depois ele sorriu.
" Parece que a Lia está começando a ser como costumava a ser nos velhos tempos..."
Me lembrava de ter reclamado com aquela frase muitas vezes, mas nenhuma imagem se formava na minha cabeça. Sabia apenas que Khun era meu irmão, mas não me recordo de meus pais, ou do mundo EXO ou...como nos comportávamos, de como eles eram...
Era realmente estranho.
" Vamos comer." - Nichkhun disse.
Tatty e Nichkhun se comunicavam com gestos e falas logo a frente.
Kai dizia algumas coisas, mas eu ouvia apenas o silêncio.
Nichkhun estava rindo de algo.
Kai me olhou.
Parece que sua imagem transmitia um sentimento inocente , um aroma único, doce e suave um tanto refrescante.
Seu jeito de caminha era diferente.
Ele era diferente.
Retornou a olhar pra frente.
Era como sofrer um acidente em que as lembranças viram pó e se misturam ao vento. Sabe que elas existem, mas não onde estão.
Não conseguia me conformar.
Nichkhun direcionou olhar para Kai que assentiu.
Nós interrompemos nossos passos. Tatty e Nichkhun continuaram seus caminhos com mais pressa.
Kai me levou para fora. Caminhamos um pouco. Era muito diferente, mas um diferente familiar.
Ele apressou dois passos para ficar frente a frente comigo. Estava com o olhar triste. Vazio.
Eu não conseguia pensar. Só ficava apenas observando seu rosto. Não sabia se queria ouvir o que eu estava a pensar ou se estava apenas me olhando.
Desviei olhar para qualquer outro ponto. Não queria que ele descobrisse que eu sentia uma pontada de medo em relação à ele.
Vi seu peito subir ao tomar ar. Estendeu a mão pra mim.
Sua mão era tão lisa que nem tinha digitais. Ao tocar a sua, percebi o mesmo nas minhas mãos. Minha pele estava diferente.
Sentia um certo receio.
Mas...o modo como a segurou me fez sentir segura.
O vento balançou seu cabelo.
Meu coração bateu forte.
Ele franziu a testa por alguns instantes.
Senti o ar quente me envolver.
Fechei os olhos.
Um fio de energia parecia passar pelo meu corpo deixando minha pele quente. Tão quente que Kai foi obrigado a me soltar.
Vi uma imagem por 2 segundos o que me fez abrir os olhos assustada.
O rosto de Kai se mostrava assustado.
Relembrei do que vi. Um campo aberto de grama, banhado pela cor dourada, era tão quente e aconchegante.
Era lá que eu morava. Ou parecia morar. Eu vi Nichkhun pegar meu braço e gritar: Peguei você!
Em seguida ele saiu correndo com uma risada sapeca. Sua voz era de criança, seu sorriso não era completo, mas seus olhos continuavam o mesmo.
Voltei para a realidade. Kai estreitou o olhar. Quanto mais eu olhava pra ele, mais parecia que ele estava ficando familiar.
Cheguei mais perto para analisar suas expressões.
Cada linha de seu rosto.
Cada curva.
Ele continuava assustado.
Me afastei repentinamente e voltei a andar pra ver se conseguia lembrar de mais coisas.
Kai me acompanhou e me observava o tempo todo. Estava me sentindo um tanto desconfortável, mas continuei andando como se não estivesse percebendo.
Vi uma árvore.
Tinha uma fruta tão bonita que parecia ser deliciosa.
Como uma criança, corri até ela. Procurei pela fruta de melhor aparência. Me estiquei pra ver se alcançava a de cor mais forte, mas estava muito alta.
Não pensei duas vezes em começar a escalar no tronco.
Kai veio correndo em minha direção. Era incrível como aquele garoto era silencioso. Alías, todos eram...ou eu estava surda.
Olhei para baixo e ele estava com os braços abertos na espera do meu tombo. Ele parecia realmente preocupado.
Fui subindo até alcançar a fruta.
Quando menos percebi Kai tinha amortecido minha queda. Algo bateu na minha cabeça e caiu no chão. Era a fruta.
A árvore parecia um mousse de tão mole.
Segurei um galho próximo que caira comigo. Ele se desfez na minha mão.
Eu ouvia o coração de Kai bater fraco na orelha.
Levantei a cabeça e ele continuava a me observar.
Kai se levantou fazendo me levantar com ele. Ficou sentado à minha frente.
Peguei a fruta na mão e ele a jogou longe.
Me assustei com a reação.
Será que não era fruta? Que eu não devia ingeri-la?
Sem saber o que fazer, fiquei parada.
Seus olhos começaram a ficar vermelhos. Não demorou muito para lágrimas começarem a contornar seu rosto.
Sem motivo também quis chorar, mas me controlei.
Ele olhou o chão e se levantou. Pegou uma fruta qualquer e a estendeu. Eu não sabia se pegava ou não, então ele colocou na minha mão.
Olhei para trás e vi que a arvore estava destruída por inteira.
Não sobrou nada em pé. Entendo que sempre fui desastrada para subir em árvores, quebrava bastante galhos, despencava de vez em quando, mas nunca destrui uma inteira.
Olhei pra mim mesma checando estar obesa, mas continuava a mesma.
Será que a gravidade era maior do que a Terra?
Como cheguei em EXO com tanta rapidez?
Espere.
Eu...acho que morri.
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